Após receber reclamações de trabalhadores(as), o Sinditest foi ao Hospital de Clínicas e apurou que a equipe da Endoscopia Digestiva está sendo exposta a um desinfetante de alto nível análogo ao formol – o glutaral –, em razão de uma reforma para readequação no setor, que já era insalubre, e com as obras, está pior.
O local funcionava com um exaustor inadequado. Para instalar o sistema de exaustão correto, com pressão negativa, que manda o ar contaminado para fora do prédio, as cubas onde ficam o glutaral foram movidas para outra sala, que não tem exaustor nenhum. E os trabalhadores estão tendo que manusear o líquido tóxico nessas condições.
“Nós usamos o glutaral para esterilizar os equipamentos das endoscopias e colonoscopias. Mesmo com luvas e máscaras, sentimos ardência nas narinas e na garganta, náuseas e dor de cabeça, os olhos lacrimejam. Até os pacientes estão reclamando, porque eles ficam aqui perto”, relata uma trabalhadora do local. Segundo ela, o engenheiro responsável pela reforma disse que a situação durará apenas uma semana, mas todos sabem que as reformas no Hospital tendem a se estender e não terminar no tempo previsto.
“Além do glutaral ser muito volátil e acabar se alastrando por tudo, as cubas onde ele fica foram colocadas em cima de macas com rodas, e sem travas. Qualquer acidente ali e o líquido pode cair em cima de um funcionário”, alerta a trabalhadora.
Outra irregularidade é que na sala que está em reforma havia um filtro de água, usado para enxaguar os equipamentos após a limpeza com glutaral. “Agora nesta sala improvisada estamos enxaguando os materiais com água direto da torneira, que vem cheia de ferro dos encanamentos do Hospital. Isso prejudica os equipamentos, que são caríssimos.”
Pessoal insuficiente
Falta de funcionários(as) foi outra queixa ouvida pelo Sinditest em sua visita pelo HC. No setor dos leitos de retaguarda e nas clínicas feminina e masculina as equipes estão desfalcadas. A reclamação é a mesma: depois que os Adicionais de Plantão Hospitalar (APHs) foram cortados, a direção não tomou uma providência para repor a mão de obra. E o resultado é que as escalas de plantão não fecham.
“Estamos sobrecarregados, e aqui atendemos pacientes que vêm de todas as UTIs, pacientes de alta complexidade, entubados, muito dependentes de cuidados. Estamos com falta de recursos humanos e também de insumos”, relatou uma trabalhadora da unidade dos leitos de retaguarda.
Na Clínica Feminina, com alguns funcionários de férias e outros que estão afastados, a equipe também está “matando cachorro a grito”. “Está todo mundo estressado, isso se reflete nas LTs (licenças de trabalho). Estamos exaustos emocionalmente e fisicamente. Estamos com três funcionários à noite onde precisaria ter no mínimo quatro”, conta uma enfermeira.
O Sinditest vai procurar a direção do Hospital para marcar uma reunião sobre o assunto, e se necessário for, oficiar a Superintendência cobrando uma resposta sobre esses casos.