Trabalhadores da Enfermagem do HC sofrem com precarização e desvalorização

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A rotina de trabalho de enfermeiros, auxiliares e técnicos de Enfermagem no Brasil é marcada pela precarização e pela desvalorização.

É uma grande incoerência: a categoria que se dedica diariamente à saúde e ao cuidado da população é uma das que estão mais sujeitas ao adoecimento.

A pesquisa Perfil da Enfermagem no Brasil, realizada pela Fundação Oswaldo Cruz, mapeou as precárias condições desse segmento no país. Juntos, enfermeiros, técnicos e auxiliares representam 50% dos trabalhadores da saúde – mais de 3,5 milhões de brasileiros.

O estudo revelou que 66% desses profissionais se sentem desgastados no trabalho e 29% não se sentem protegidos contra a violência no expediente. Isso parece comum para você?

Outro problema alarmante identificado pela Fiocruz é a subjornada, ou seja, quando a soma das horas trabalhadas por enfermeiros, técnicos e auxiliares é igual ou inferior a 20 horas semanais.

Além de garantirem uma renda muito aquém do que é justo, a subjornada força esses trabalhadores a adotarem duplas ou até triplas jornadas de trabalho. A exposição contínua a uma rotina extenuante conduz a categoria ao adoecimento.

Outras pesquisas sobre a saúde física e mental de trabalhadores da Enfermagem apontam que os níveis de precarização e adoecimento variam de acordo com a posição hierárquica do empregado e com o vínculo empregatício.

Realidade do HC

No Hospital de Clínicas (HC) da UFPR, existem três tipos de vínculos empregatícios entre os enfermeiros: o Regime Jurídico Único (RJU), o celetista e o terceirizado. O trabalho desempenhado é praticamente o mesmo, mas a diferenciação nos vínculos garante condições de trabalho e direitos distintos entre os trabalhadores.

É como se estivéssemos diante de um quadro de desvalorização progressiva. Os terceirizados ficam reféns de remunerações defasadas e da maior taxa de rotatividade no emprego. Já os celetistas não contam com uma série de direitos assegurados aos servidores estatutários, como a estabilidade no emprego, que protege um pouco mais (ao menos em partes, mas nem sempre) de práticas de assédio moral.

Quanto mais próximo da iniciativa privada, menos direitos e piores condições de trabalho. Essa realidade foi constatada na pesquisa realizada pela Fiocruz. O setor privado (21,4%) e o filantrópico (21,5%) são os que mais praticam salários com valores de até R$1.000 – sim, R$ 1.000 – para esses trabalhadores.

Em atendimentos prestados pelo serviço de Saúde do Trabalhador do Sinditest-PR, enfermeiros, técnicos e auxiliares do HC relatam a prática constante do assédio moral e da perseguição como método de gestão do hospital.

Para a coordenadora-geral do Sinditest-PR, Cris Alsselbrinque, esse cenário é resultado de um processo de desmonte do funcionalismo público. “Aos poucos, o serviço público está absorvendo a lógica da iniciativa privada, o que se se manifesta em piores salários e condições totalmente precarizadas de trabalho. Hoje, no governo Bolsonaro, esse projeto de dissolução dos pilares do serviço público atinge níveis nunca visto antes”, avalia.

Essa realidade, que já é bastante dura, poderá piorar ainda mais caso o Governo Federal consiga implementar o Future-se.

Por isso, o Sinditest-PR reforça sua luta pelos direitos dos enfermeiros, técnicos e auxiliares de Enfermagem do HC. Os desafios são gigantes, mas a entidade seguirá lutando ao lado do segmento por mais valorização, bem-estar e melhores condições de trabalho.

Fonte: Sinditest-PR

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