Os técnicos e técnicas da UFPR votaram pela suspensão do movimento paredista da FASUBRA e manutenção do estado de greve, em assembleia geral realizada na manhã desta quarta-feira (13), no pátio da Reitoria da UFPR. O retorno às atividades se dará a partir de quinta-feira (14).
A decisão de manter a greve a greve até o dia 13 já havia sido tomada na assembleia geral do último dia 7. Na avaliação da base, a escolha mais acertada seria suspender a paralisação em 2017, devido ao fim do ano e ao desgaste do movimento paredista, iniciado há mais de um mês, no dia 10 de novembro. No entanto, foi mantido o estado de greve para a retomada das lutas em 2018, ano para o qual os ataques à carreira do serviço público foram postergados.
“É com muito orgulho que estamos aqui, na última assembleia de greve deste ano. É o momento de parabenizarmos cada um e cada uma que está aqui. Cada um e cada uma que parou desde o início da greve, e cada um e cada uma que aderiu depois. Não foi fácil, tivemos de enfrentar topo tipo de ameaça, de corte de ponto a pressão das chefias. Nós escolhemos fazer greve em 2017! Não só no ano que vem, esperando o ‘quanto pior, melhor’ dos que estão de olho nas eleições de 2018. Nós demos uma lição de como conscientizar a população”, disse a coordenadora de Administração e Finanças, Mariane Siqueira.
Como atividade final da greve, foi realizado um ato contra a Reforma da Previdência, com direito a ovada nos parlamentares favoráveis ao fim da aposentadoria, ontem (12), na praça Santos Andrade. Assista ao vídeo da manifestação.
Universidade pública ameaçada
Para a suspensão da greve, o Comando Local organizou uma mesa sobre o futuro da universidade pública, com a participação do professor da rede estadual Rodrigo Tomazini e do técnico da UFPR Marcello Locatelli, ambos da CSP-Conlutas.
São muitas as ameaças, tanto em relação à gratuidade da universidade pública quanto à autonomia das instituições e dos(as) profissionais da educação. Com a aprovação da PEC 55, hoje Emenda Constitucional 55, as universidades federais do país sofreram cortes orçamentários da ordem de até 35%, só em 2017.
O congelamento dos investimentos na educação abre espaço para que projetos como o do hoje prefeito do Rio de Janeiro (RJ), Marcelo Crivella, que determina a cobrança de taxas para as universidades públicas, sejam tirados da gaveta – o ministro da educação Mendonça Filho afirmou que é necessário retomar essa iniciativa, lembra Marcello Locatelli.
Paralelo a isso, movimentos de direita como o MBL difundem a falácia de que as universidades federais são “antros de playboys”, e que os pobres acabam pagando para os filhos dos ricos estudarem.
Marcello também alertou para a atuação dos órgãos de controle e da polícia dentro das universidades, com conduções coercitivas a reitores e pareceres sobre as contas que acabam determinando como a instituição deve realizar sua gestão.
Rodrigo Tomazini falou sobre o perigo de projetos como o Escola Sem Partido, que criminaliza professores(as) com a alegação de “doutrinação”. Iniciativas como essa têm somente o objetivo de impedir que uma geração de trabalhadores com pensamento crítico seja formada, pois o desejável para o capital é mão-de-obra braçal, que não contesta.
O próprio movimento das ocupações secundaristas do ano passado mostrou que os(as) estudantes têm iniciativa própria e capacidade de auto-gestão, resgatou Tomazini.