Em celebração ao Dia Internacional da Mulher, na sexta-feira (08), o Sinditest-PR conversou com a técnica administrativa em educação (TAE) Adriane Portello Vieira. O diálogo foi marcado por reflexões sobre os papéis de gênero e os desafios enfrentados pelas mulheres. Confira abaixo a entrevista completa!
Sinditest-PR: Primeiramente, gostaria de saber sobre seu trabalho. Poderia contar brevemente como é a rotina? (Quando entrou para a categoria, quais atividades desempenha, etc).
Adriane: Ingressei na UFPR em 2015, atualmente trabalho no gabinete da Prograd, atuando com atendimento ao público, monitoramento de processos judiciais, de auditoria e demais atividades administrativas.
Sinditest-PR: Como é ser TAE na universidade enquanto mulher? A instituição é de fato um espaço desconstruído, aberto e/ou engajado na defesa das pautas das mulheres?
Adriane: Apesar de sermos maioria, ser mulher e TAE na UFPR é desafiador em várias situações. Com frequência, enfrentamos o descrédito e nos deparamos com o machismo em conversas e situações. No entanto, é gratificante observar o crescente engajamento de muitas mulheres na instituição, na luta por igualdade e estas mulheres são fontes de inspiração para mim.
Sinditest-PR: Já sofreu ou presenciou algum caso de assédio, preconceito em virtude do gênero?
Adriane: Infelizmente já presenciei.
Sinditest-PR: Agora falando só de você, de que forma você enxerga seu papel na sociedade enquanto mulher?
Adriane: Acredito que o machismo está tão profundamente enraizado em nossa sociedade que, além de lutar e reivindicar igualdade, entendo que meu papel também é o de educar e dialogar para promover mudanças em nosso cotidiano e acabar com o machismo estrutural e com a desigualdade de gênero.
Sinditest-PR: Considerando a baixa representatividade feminina em diversos espaços e o constante silenciamento das nossas vozes. Para você, qual a importância de reivindicar e enfatizar a presença das mulheres nos espaços em que vive?
Adriane: Representatividade é essencial em todos os espaços. Nossa política é decidida por homens, que não nos ouvem para tomar decisões, o mercado de trabalho não dá igualdade de oportunidades e reconhecimento e é por isto que quanto maior a presença feminina mais nossas vozes e perspectivas serão ouvidas.
Sinditest-PR: Tem algo mais que queira comentar sobre esta temática? Fique à vontade para falar o que desejar, beleza!
Adriane: Sendo mulher e mãe quero ressaltar o imenso desafio que enfrentamos. A sociedade exige uma excelência no cuidado materno e uma perfeição no mercado de trabalho, mas em contrapartida não há políticas públicas nem apoio para estas mulheres. A conta não fecha! Sendo mãe atípica, o desafio aumenta ainda mais, no Brasil, cerca de 78% dos homens abandonam mães de crianças com deficiência. Como esta mãe cuida, trabalha, leva ao médico, sem rede de apoio? Sem vagas na escola? Ocupar os diversos espaços da sociedade é essencial para que este cenário mude!