Técnicas na luta: Sinditest-PR conversa com a técnica Valeria Monteiro

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Março é o mês da mulher e, para celebrar este momento tão importante, o Sinditest-PR conversou com a técnica administrativa em educação (TAE) Valeria Monteiro. A iniciativa Técnicas na luta busca dar visibilidade para as mulheres da categoria.

 

Sinditest-PR: Primeiramente, gostaria de saber sobre seu trabalho. Poderia contar brevemente como é a rotina? (Quando entrou para a categoria, quais atividades desempenha, etc).

Valeria: Sou assistente social, atuo desde 2015, na UTFPR. Contudo sou servidora pública há 23 anos, anteriormente trabalhei na política pública de Assistência Social.

Na UTFPR, trabalho no NUAPE (Núcleo de Apoio Psicopedagógico e Assistência Estudantil) compondo uma equipe multiprofissional. Neste setor, atuamos na perspectiva de contribuir com a formação dos/as estudantes, elaborando e desenvolvendo programas, projetos, ações e serviços, na direção da permanência estudantil.

Como assistente social, minha rotina de trabalho, atualmente, acontece via processos de análise, seleção, avaliação e acompanhamento do programa Auxílio Estudantil, ações de fortalecimento do protagonismo dos/as estudantes na universidade, buscando atuar na articulação com a rede de serviços públicos do território do município, além da realização de projetos de extensão. Faz parte da minha rotina, estudar e me aperfeiçoar para melhor compreender a atuação e ampliar o alcance das ações.

 

Sinditest-PR:  Como é ser TAE na universidade enquanto mulher? A instituição é de fato um espaço desconstruído, aberto e/ou engajado na defesa das pautas das mulheres?

Valeria: Como instituição, a universidade é um micro universo, neste sentido as expressões da questão social estão presentes, também neste espaço. Ou seja, convivemos com misoginia, sexismo, machismo, preconceito, que são elementos constitutivos das desigualdades de gênero na sociedade.

Como parte da política de Educação, há iniciativas de trabalho na perspectiva de romper com esta cultura, há processos em construção para avançar nas pautas relacionadas à igualdade de gênero na universidade e na ciência. Contudo, como processos educativos é necessário investimento, planejamento e priorização na direção de unificar e qualificar as ações.

 

Sinditest-PR:  Já sofreu ou presenciou algum caso de assédio, preconceito em virtude do gênero?

Valeria: Acredito que nesta sociedade, lamentavelmente, todas nós em algum momento já foi atingida por atitudes preconceituosas e/ou assediadoras em virtude do gênero. E isto acontece desde formas mais sutis, como ser desconsideradas em um ambiente em que a voz masculina tem maior importância, como ser constrangida com “brincadeiras” inconvenientes que fazem menção ao seu corpo, sexualidade, ou outras situações vexatórias e violentas.

Como assistente social, compõe o meu trabalho, ser procurada para pedir ajuda em situações em que as mulheres se sentem constrangidas e/ou violadas em seus direitos.

 

Sinditest-PR:  Agora falando só de você, de que forma você enxerga seu papel na sociedade enquanto mulher?

Valeria: Como trabalhadora mulher, como mãe de duas meninas, como profissional/assistente, compreendo que tenho a responsabilidade de contribuir, onde “meus braços” alcançam, para o diálogo, para a reflexão sobre as estrutura social patriarcal, machista, racista, classista na qual fundamos nosso desenvolvimento, em busca de encontrar novas bases, novas possibilidades de Ser e Estar neste mundo.

 

Sinditest-PR:  Considerando a baixa representatividade feminina em diversos espaços e o constante silenciamento das nossas vozes. Para você, qual a importância de reivindicar e enfatizar a presença das mulheres nos espaços em que vive?

Valeria: Trazer à tona a realidade e as condições de vida das mulheres na nossa sociedade é importante, inicialmente, para uma reparação histórica, em relação a estas sujeitas que tiveram/e ainda tem as histórias/contribuições para a construção desta sociedade, invisibilizadas.

Compreendo que reivindicar e enfatizar a presença de mulheres nos espaços que vivemos, é parte inerente da construção do desenvolvimento social e econômico desta sociedade. As mulheres representam mais da metade da população brasileira; nesta sociedade, as mulheres são socializadas e se constroem, atravessadas por situações/vivências nos aspectos das relações sociais, que (hegemonicamente) as colocam como responsáveis pelo trato do âmbito do doméstico, dos cuidados com o outro e neste sentido a sua contribuição com as questões que envolvem os espaços em que vivemos são imprescindíveis, na direção de construção de processos mais respeitosos e experiências mais inclusivas. 

 

Sinditest-PR: Tem algo mais que queira comentar sobre esta temática? Fique à vontade para falar o que desejar, beleza!

Valeria: Como trabalhadoras e trabalhadores, precisamos reivindicar uma educação feminista, atuar na busca de construir espaços coletivos, abertos e inclusivos para o diverso, o contraditório, para a reflexão, elaboração, diálogo e o respeito. Esta tem sido a minha causa!

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