Técnicas e técnicos administrativos em educação da UNILA participaram ontem (10) de uma assembleia local convocada pelo Sinditest-PR. A reunião contou com a presença expressiva dos TAEs da instituição, que deliberaram pela adesão ao Calendário Nacional de Lutas, com indicativo de greve previsto para o mês de março. A decisão referenda o encaminhamento da base aprovado na última Assembleia Geral da categoria. Confira abaixo os demais temas discutidos.
Calendário Nacional de Lutas e Campanha Salarial
Primeiro ponto de pauta, o reajuste salarial está entre as principais urgências das servidoras e dos servidores públicos de todo o país, que reivindicam que outros cargos, e não apenas aqueles relacionados à segurança pública, tenham as suas remunerações atualizadas.
“Nosso último reajuste foi em 2015, fruto de uma greve que teve duração de aproximadamente quatro meses. Tivemos como resultado dessa mobilização uma reposição salarial parcelada em duas vezes, com a primeira parcela em 2016 e a segunda em 2017. De lá para cá fizemos mais duas greves com a campanha salarial e outras pautas, mas não conseguimos obter êxito em relação ao salário. Nesse período o presidente da república era Michel Temer, que já encampava a luta contra o funcionalismo público – um exemplo foi a promulgação da PEC do Teto dos Gastos, cujas consequências terríveis sofremos até hoje. Desde que o governo Bolsonaro assumiu nós não tivemos sequer uma reunião para discutir a pauta salarial, este desgoverno nunca recebeu a Fasubra e, portanto, impossibilita o estabelecimento de uma mesa de negociação sobre esse tema. O que nós temos hoje é uma defasagem muito grande, principalmente se compararmos o valor da cesta básica, dos transportes e de tudo o que a gente precisa para sobreviver. A inflação está comendo solta, a defasagem salarial também e estamos sofrendo outros golpes, como por exemplo o aumento no preço dos restaurantes universitários”, contextualiza Mariane Siqueira, coordenadora-geral do Sinditest-PR.
Neste sentido, entidades do serviço público que se organizaram no último período e barraram temporariamente a Reforma Administrativa, estabeleceram um Calendário Nacional de Lutas, que prevê diversas ações contra a PEC 32, em oposição ao Decreto 10.620 que transfere os aposentados do regime RJU para o INSS – um retrocesso na avaliação de especialistas, bem como a abertura da campanha salarial unificada. Em votação realizada após o debate, 66% da assembleia aprovou a decisão anterior da categoria. Ou seja, as técnicas e os técnicos da UNILA disseram sim ao calendário e ao indicativo de greve em março.
“Sabemos que pela posição do atual governo não teremos condições de realizarmos uma greve longa, que a pequenos passos ia ganhando força nacionalmente, justamente porque sabemos que a primeira medida vai ser o corte do ponto. Então por isso não tem como organizarmos uma greve se ela não for unificada do serviço público. Ela precisa ser muito bem-organizada, certeira, até porque não temos muito prazo para essa negociação devido a legislação eleitoral. Não faremos greve isolada. A indicação que temos hoje é que a gente construa o estado de greve e delibere pela deflagração da greve no dia 09 de março. Antes disso, teremos uma Plenária Nacional da Fasubra”, ressaltou Mariane.
Retorno presencial e pandemia
O retorno presencial ao trabalho, principalmente neste momento de avanço da variante Ômicron e da explosão no número de casos de gripe e COVID, tem gerado bastante insatisfação entre as técnicas e os técnicos da UNILA.
“No papel está lindo, realmente o manual de retorno foi muito bem-feito, mas na verdade não está funcionando ou vai funcionar apenas quando os docentes e discentes estiverem atuando. As pessoas estão andando sem máscaras nos corredores, não medem a temperatura mais, não pedem comprovante. Os técnicos são o que? A gente está trabalhando. Precisamos trabalhar com segurança. Não tem alunos, não têm professores, temos salas com muitos técnicos, gente vindo trabalhar com gripe, as chefias não são chefias atuantes e as reclamações estão todas acontecendo nesse sentido, que as chefias não têm condições de tomar decisões que a Reitoria deveria tomar. Está muito confusa a situação na UNILA”, afirmou uma técnica. “Queremos voltar a trabalhar, mas não temos condições mínimas de voltar em segurança”, argumentou outra TAE.
Frente às reclamações legítimas das técnicas e dos técnicos, o Sinditest-PR articula agora uma reunião com a Reitoria para dirimir tais insatisfações.
“Lemos cuidadosamente todo o manual de retorno da UNILA, está bem escrito, mas os casos apresentados nos mostram falta de empatia da chefia imediata. Vamos colher todas as informações e vamos pedir uma reunião com o Reitor para pautar todos os pontos levantados discutidos aqui”, afirmou Elis Regina Ribas, coordenadora de Organização Por Local de Trabalho, responsável pela apresentação do ponto.
Teletrabalho
Quanto à implementação do teletrabalho na instituição, as perspectivas, na avaliação da direção sindical, são positivas.
“A Reitoria da UNILA está bem avançada nesta discussão. Vocês já têm uma minuta de teletrabalho bem desenvolvida e a última informação que tivemos é que a gestão está aguardando o desenvolvimento de um software que possa fazer o acompanhamento do novo programa de teletrabalho. Várias universidades do país têm barrado nisso – aprovaram o teletrabalho, mas ainda não possuem um software para acompanhar as metas e fazer os relatórios gerenciais. A Unila está bem avançada com a UFRN para desenvolver esse software. Eu deixo vocês bem tranquilos, que sobre o software é justamente isso que está acontecendo. Os softwares que estão sendo feitos são voltados para o Ensino Público Federal. É interesse das gestões que o teletrabalho seja implementado”, explicou a dirigente sindical Elis Regina.
Segundo a coordenadora, um ofício com os apontamentos levantados pelos TAEs já havia sido enviado para a gestão da UNILA, porém não houve, por parte do Reitor, retorno. O Sindicato acompanha de perto esta questão.
Comissão CPFJ (30 horas)
Assunto pautado pelo técnico Robson Gibin, a participação da categoria na Comissão CPFJ, que versa sobre a jornada de trabalho de 30 horas na Universidade, está, nesse momento, irregular, visto que o último mandato terminou no ano passado.
“Essa Comissão, depois da CIS PCCTAE, é a mais relevante para nossa categoria no âmbito interno da instituição. No entanto, os mandatos estão vencidos, se encerraram em setembro de 2021, e segundo a resolução interna da Comissão quem toca o processo eleitoral dessa Comissão são as entidades representativas da categoria”, destacou o servidor.
Diante da demanda apresentada, a direção do Sindicato se comprometeu a encaminhar, com urgência, esta situação.