Com a proximidade do segundo turno, crescem as denúncias de assédio ou coação eleitoral no ambiente de trabalho. De acordo com o Ministério Público, órgão responsável pelo acolhimento das reclamações, houve um incremento expressivo da prática em todas as regiões do país e, em especial, no estado do Paraná.
Desesperados com a possibilidade da derrota de Jair Bolsonaro, empresários de todos os setores, sobretudo aqueles ligados ao agronegócio, abusam do poder econômico para pressionar seus empregados. São frequentes os relatos e vídeos de trabalhadoras e trabalhadores intimidados, coagidos, constrangidos e, até mesmo, humilhados por suas preferências eleitorais.
No lugar do debate político qualificado, os assediadores utilizam métodos arbitrários, de caráter essencialmente autoritário, para influenciar ou manipular o voto de colegas, funcionários ou subordinados. Alguns funcionários relatam inclusive terem sido preteridos, excluídos, difamados e, em casos mais graves, demitidos por suas posições políticas.
Recentemente, duas cooperativas da região oeste ganharam o noticiário por cometerem uma série de ilegalidades. Por meio de um ofício assinado pelo seu diretor-presidente, a LAR Cooperativa Agroindustrial amedronta, ameaça e tenta coagir os funcionários e cooperados a votarem no atual presidente. De acordo com o MPT, que após inúmeras denúncias investiga a empresa, vários outros crimes nas relações trabalhistas foram identificados neste caso.
Outra acusada de assediar as suas equipes, a Cooperativa Agroindustrial Copagril, com sede em Marechal Cândido Rondon, teve de se comprometer junto ao MPT-PR a não constranger os trabalhadores a votarem no candidato do patrão. Se você tem familiar ou amigo nessa situação, seja solidário e explique que isso é crime e pode ser denunciado anonimamente no Ministério Público do Trabalho.
Ambas as situações evidenciam o que nós, da classe trabalhadora, já sabemos: Bolsonaro e sua turma estão mancomunados com as elites econômicas. Sua candidatura não representa, nem de longe, os interesses do povo assalariado, que compõem o grosso da população.
O clima polarizado, as fakenews, o descrédito da população com o governo e com as intuições contribuem para que essa seja considerada uma das eleições mais violentas da história da democracia do nosso país, tão recente e tão vulnerável.
O Sinditest-PR é veemente contra qualquer tipo de assédio ou coação eleitoral. Permaneceremos vigilantes, defendendo o direito de manifestação política de todo e qualquer cidadão, conforme o que determina a nossa Constituição. O debate deve ser construído a partir da apresentação de projetos de governo. O voto de cabresto não pode ser tolerado. A democracia precisa ser respeitada.