Membros da diretoria do Sinditest-PR fizeram na segunda-feira, 21, uma reunião prévia com os três candidatos à reitoria da UTFPR. Cada um deles recebeu a cópia de um documento de 20 páginas contendo dez reivindicações consideradas prioritárias pelos técnicos administrativos, com itens como a jornada flexibilizada de 30 horas, o reconhecimento de saberes e competências (RSC), a democratização das instituições de ensino, a exigência de novos concursos, entre outros.
As eleições que escolherão o novo reitor da UTFPR acontecerão no próximo dia 27 de abril.
Os encontros com os candidatos aconteceram em separado, o que possibilitou um breve debate sobre a pauta com cada um deles.
Os aspirantes ao cargo de reitor da Universidade Tecnológica são: Nanci Stancki da Luz, Marcos Schiefler Filho (ambos da oposição) e Luiz Alberto Pilatti (atual vice-reitor e candidato da situação).
“Não é pejorativo ser a candidata do sindicato”
A primeira reunião da tarde, às 14 horas, aconteceu com a candidata Nanci Stancki da Luz, do Departamento de Matemática. Nanci foi por duas vezes presidenta da Seção Sindical dos Docentes da UTFPR, gestões de 2005 a 2009. “Muitas pessoas falam de forma pejorativa, que eu sou a candidata do sindicato. Mas isso não é pejorativo”, reclamou ela.
A candidata mostrou-se favorável a pautas como as 30 horas e a implantação do RSC. “Eu inclusive defendi as 30 horas quando ela passou pelo âmbito do Conselho Universitário”, lembrou. “Agora, mais do que levar essa pauta, nós gostaríamos que vocês, sindicato e base, se inserissem no grupo que está fazendo essa discussão. Mais do que alguém que entrega uma pauta, gostaríamos que vocês, como companheiros, contribuíssem conosco. Existem aspectos formais que precisam ser debatidos.”
Quando o paridade nos conselhos da instituição veio à baila, Nanci reclamou de uma espécie de preconceito por parte dos docentes. “Existe ainda um sentimento de que os alunos, por exemplo, estão só de passagem, têm menor capacidade de avaliação. Mas em muitos setores, cabe a paridade. Em outros, não”, disse, sem citar exemplos.
Para a candidata, no quesito democracia a Universidade Tecnológica peca ainda em outras áreas. “Na UFPR, por exemplo, você tem cursos voltados aos interesses dos movimentos sociais, aqui você não consegue nem discutir, é uma coisa isolada, um cenário de terra arrasada”, reclamou. “A universidade tem se isolado de toda discussão política, e ela precisa se posicionar. Tudo o que venha a diminuir o caráter público da universidade precisa ser combatido.”
Enxugar a máquina da reitoria
“A reitoria da UTFPR dobrou de tamanho em quatro anos. Como você facilita a implantação das 30 horas? Enxugando a reitoria, redistribuindo os servidores para outros campi. Com mais servidores, fica mais fácil.”
A afirmação é de Marcos Schiefler Filho, segundo candidato à reitoria da UTFPR a receber na tarde de ontem a pauta de reivindicações dos técnicos administrativos. Ele admitiu, no entanto, que a questão geográfica (a UTFPR tem 12 campi espalhados pelo interior do estado) é um desafio.
Schiefler também foi questionado sobre a suficiência dessa redistribuição. “Isso só vai ser suficiente para garantir as 30 horas? A reitoria vai fazer um esforço para mudar de imediato? O que dá pra fazer já?”, quis saber Carlos Pegurski, coordenador-geral do Sinditest-PR. “Imediatamente, vamos chamar os setores para conversar”, respondeu Schiefler.
O atual professor do Departamento de Engenharia Mecânica foi incisivo na questão da democratização da universidade. “Nós vamos democratizar os conselhos a tal ponto que os pró-reitores não terão mais direito a voto. Por que eles votam, se não foram eleitos”, questionou.
Schiefler ainda afirmou que não saiu candidato com um técnico administrativo como vice porque atualmente a legislação não permite (o vice da chapa é o professor Jean-Marc Stephane Lafay). “Não estou fazendo demagogia. Eu conheço muitos técnicos que trabalham melhor do que professores.”
Dentro da legalidade
O último candidato a reunir-se com a diretoria do Sinditest-PR foi Luiz Alberto Pilatti, atual vice-reitor da UTFPR e candidato da situação. Foi a reunião mais breve, com cerca de 40 minutos. Pilatti justificou a pressa dizendo que precisava compor uma banca logo após o encontro. “Eu me desculpo com vocês. Não fui informado, de verdade, de que hoje seria uma conversa mais longa. Pensei que só iria receber o documento”, alegou.
Sobre as reivindicações dos técnicos, Pilatti afirmou que irá se pautar pelo que está previsto na legislação. “Todo o avanço, tudo o que for legal, eu vou pautar para fazer. Agora, eu vou me pautar pela legalidade. Eu nunca aceitei e nunca vou aceitar nada fora da legalidade”, garantiu. “Acho que nunca chegaram no setor de vocês, técnicos, e pediram para fazer algo ilegal”, completou.
A atual administração da UTFPR e a diretoria do Sinditest-PR têm interpretações diferentes sobre a legislação que rege diversos pontos da pauta reivindicatória.
Pilatti também falou brevemente sobre a atual conjuntura econômica. “É necessário muito cuidado com o que você vai prometer. O governo já sinaliza que 2017 vai ser um ano difícil, e vai”, previu. “De uma coisa temos que ter clareza: o dinheiro do cofre é um só. A partir do momento que você coloca em A, ele vai ter que sair de B, C ou D.”
Sandoval Matheus,
Assessoria de Comunicação Social do Sinditest-PR.