Manifesto do Fórum Popular de Saúde
As trabalhadoras e os trabalhadores, aqui sob a representação das entidades sindicais, populares, estudantis e partidárias abaixo, vêm a público manifestar séria preocupação sobre a situação da pandemia do novo Coronavírus, a Covid-19, no Estado do Paraná.
O Brasil se aproxima de 300 mil mortes. Além da identificação de três variantes do vírus (Reino Unido, África do Sul e Estados Unidos) há a presença de três variantes brasileiras (P1, P2 e N9) em circulação no país, que conforme artigos científicos apresentam alto índice de transmissibilidade quando comparado com o vírus original, impactando, inclusive, crianças, jovens e adultos.
A ausência de ações por parte do Governo Federal na condução da Pandemia, atraso na compra de vacinas; lentidão da vacinação de grupos prioritários; falta de agilidade para viabilizar a produção e aquisição de imunizantes, falta de leitos oxigênio e demais insumos; demonstram o caos vivenciado por milhares de brasileiros e brasileiras. Ocupamos a vergonhosa 50ª posição no ranking mundial de vacinação.
O início da Campanha Estadual de Vacinação no Paraná, lançada apenas no dia 15 de janeiro, é um reflexo da falta de ação e planejamento do Governo Federal. Chegaram ao estado cinco lotes de vacinas, totalizando 641.400 doses, que, se divididas por duas doses/pessoa, totalizam 320.700 pessoas imunizadas. Isso é insuficiente para atingir sequer a população considerada de risco, que são 4.080.010 indivíduos. Se somarmos a população acima de 18 anos, não prioritária, temos um total de 8.766.220 pessoas. Não podemos confiar que o desastroso Governo Federal resolverá espontaneamente a situação.
Governadores e Prefeitos precisam urgentemente pressionar o Governo Federal para aquisição de vacinas e para a produção nacional em parceria com instituições e laboratórios. No Paraná, deve-se retomar o acordo para produção da vacina Sputinik V pelo TECPAR, que foi interrompido não se sabe o motivo.
Somos 303.026 profissionais que, diariamente estão sob exposição à contaminação nos hospitais, unidades básicas de saúde e pronto atendimentos. Muitos ainda não foram vacinados. Estes e estas profissionais devem receber a vacina imediatamente, independente de suas funções dentro dos estabelecimentos de saúde.
Exigimos a elaboração de um protocolo estadual de estratificação de risco e tratamento padronizado baseado em evidências científicas, bem como o fortalecimento da Atenção Primária a Saúde com ampliação de testagem, isolamento de contatos e monitoramento de casos leves evitando a superlotação de UPA’s, que já trabalham em sua capacidade máxima.
Infelizmente, o governador Ratinho Jr. tem assumido uma postura subserviente em relação ao governo federal, não assinando a carta dos governadores exigindo a vacina. O lockdown decretado em Curitiba não terá efeito se não se propuser a efetivamente reduzir a circulação de pessoas, ou seja, garantindo sua subsistência no período e se estendendo a todo estado do Paraná por, no mínimo, 21 dias. Só isso poderá frear o colapso já instalado no sistema de saúde.
Quem tem fome tem pressa. É urgente a adoção de medidas econômicas que atendam à classe trabalhadora que no período de pandemia necessita de uma política pública que garanta o acesso à sobrevivência e o respeito ao isolamento social. O auxílio emergencial precisa chegar aos trabalhadores, com valor mínimo de seiscentos reais (R$ 600,00), como foi adotado no ano passado. Assim como incentivo financeiro para os pequenos e micro empresários. Os governos municipais e estaduais também precisam destinar valores complementares para garantir a sobrevivência da população durante o período que perdurar a pandemia.
Embora o Brasil tenha um Sistema Único de Saúde com capilaridade e seja referência em pesquisa e imunização, o descaso e a negação do Governo Bolsonaro impediu que ações efetivas, indicadas pela ciência, fossem adotadas precocemente.
Responsabilizamos o Governo Federal pelo colapso do sistema de saúde por menosprezar os efeitos da pandemia, por defender e gastar 90 milhões com medicamentos que não funcionam (“Kit Covid-19”), por promover aglomerações, por desqualificar o uso de máscaras, por não lançar nenhuma campanha nacional de prevenção e por desprezar ofertas de laboratórios produtores de vacinas no ano passado, agindo com desrespeito aos países parceiros.
Acreditamos estar em tempo de redirecionar as ações para os interesses da população e da classe trabalhadora! Defendemos o impeachment do Presidente Jair Bolsonaro por crime de responsabilidade sanitária e conduta genocida para com a população brasileira.
Lockdown estadual de 21 dias!
Vacina para todas e todos já!
Auxílio Emergencial de R$ 600!
Fora Bolsonaro!