“As mulheres têm papel importante na construção da greve geral e devem ser protagonistas na organização sindical”. A fala é de Ivanilda Reis, coordenadora da Fasubra, durante o I Encontro do Setorial de Mulheres na UTFPR, realizado na última terça-feira (20). A desvalorização do trabalho feminino, um dos pilares do sistema capitalista; a redução da fala das mulheres e o assédio moral e sexual no ambiente de trabalho – heranças de uma estrutura sexista, também foram assuntos discutidos entre as participantes, reunidas na sede social da Assutef.
“Essa noção de que a mulher é somente corpo e de que não tem outros atributos intelectuais é ainda muito presente. Até no serviço público existe diferença salarial entre homens e mulheres – os cargos mais altos ainda são ocupados por eles. O que existe é uma divisão sexual do trabalho, onde as mulheres estão sempre em posição de desvantagem. É preciso que as relações de trabalho sejam transformadas”, afirmou Nanci Stancki da Luz, advogada membro da Comissão de Estudos sobre Violência de Gênero da OAB-PR.
O encontro, que passará a ser mensal, contou ainda com a advogada militante Luiza Beghetto, que trouxe para o debate esclarecimentos sobre a reforma da previdência, medida que, se aprovada, prejudicará principalmente as mulheres trabalhadoras, que passarão a ter direito à aposentadoria somente com 65 anos.
Representatividade
Convidada para falar sobre representatividade, Ivanilda Reis explicou que apenas 1/3 das universidades brasileiras têm reitoras. Em sua apresentação, a dirigente sindical reforçou que a questão não deve ser restrita apenas ao processo eleitoral. “Falar de representatividade é entender o papel importante que a mulher exerce. As mulheres da burguesia não sofrem os mesmos problemas que as mulheres trabalhadoras. É preciso entender essas diferenças”, afirmou.
Para lvanilda, apenas o enfrentamento diário é capaz de mudar esta realidade, resquício da sociedade patriarcal. “Os ataques são cotidianos e as mulheres são as principais vítimas. Precisamos assumir a organização dessa luta. É imperativo que coloquemos as nossas pautas na ordem do dia, que dialoguemos, conquistemos no dia a dia espaço nos movimentos. Não conseguiremos garantir os nossos direitos sem lutar contra o capitalismo”, declarou.
Reforma da Previdência
Mudanças na idade mínima para aposentadoria preocupam as trabalhadoras. “A reforma da previdência abre caminho para o neoliberalismo. Só tem direito à previdência social quem contribuiu. Ela não é uma esmola. O que existe é uma defesa ideológica de que a seguridade social deve deixar de existir. As políticas de renúncia fiscal, por exemplo, só demonstram de que lado o governo está”, explicou Luiza Beghetto, última palestrante.
No final do evento, mulheres e homens – minoria do público presente – compartilharam as suas experiências. Um café, com bolo e salgados, encerrou o encontro. Acompanhe as atividades do Setorial de Mulheres nas redes sociais do Sinditest.
Silvia Cunha,
Assessoria de Comunicação e Imprensa Sinditest-PR