Na assembleia extraordinária de greve ocorrida nesta manhã os (as) servidores (as) rechaçaram a instalação do ponto eletrônico em toda UFPR, prevista par ter início em 1º de julho. Após o indiciamento de 10 médicos que não cumpriam o horário de trabalho no Hospital de Clínicas, a adoção do ponto eletrônico invadiu a atmosfera sem o menor sinal de diálogo.
A crítica intrínseca dos servidores é de que o ponto eletrônico servirá apenas de fachada moral, tendo em vista a ineficiência – as fraudes podem continuar ocorrendo – e o caráter discriminatório, pois os professores e cargos de chefia não são obrigados por lei a cumprir o procedimento, por exemplo. “No nosso entendimento quem burla um sistema de controle, burla outro também. Não é isso que vai garantir que eles vão agora se dedicar a sua função pública, isso vai servir como mais um elemento de ameaça e coerção aos técnicos”, denuncia Carla Cobalchini, da direção do Sinditest.
Para o diretor Márcio Palmares houve complacência em relação aos médicos fantasmas durante anos, a direção e as chefias não tomaram nenhuma atitude. “Eles não têm moral nenhuma de cobrar isso. Tem uma pá de médicos fazendo o mesmo, mas eles sacrificaram apenas 10 pessoas. O que querem é gradativamente agravar a situação de exploração do trabalho e adaptar a concepção de empresa privada, que é a EBSERH”.
“Essa história de colocar ponto pra pião bater está errada. Se for assim, então temos que discutir a moralidade dessa administração da Universidade e do HC. Não temos medo de debater. Qual é a proposta que nós temos para universidade pública brasileira? Não queremos uma universidade com donos e peões, e por isso mesmo, estamos propondo a paridade no Conselho Universitário”, defendeu o diretor Luiz Fernando Mendes.
Ponto eletrônico afronta a jornada de 30 horas
No entendimento dos servidores o ponto eletrônico é uma forma de aumentar a exploração do trabalho e inviabilizar a implementação das 30 horas em todos os setores. Os servidores da UFPR conquistaram na greve de 2011 a resolução 56/11, que garante a flexibilização da jornada de 30 horas, mas que ainda enfrenta severos bloqueios e boicotes da administração superior para se estender em todos os setores da instituição.
Para Ângela Carolina Castro Simões, servidora da UFPR, a preocupação dos trabalhadores é com a qualidade do trabalho e com o arquétipo das relações de trabalhistas que emergem de dentro das universidades. “Nós temos boas condições de cumprir com nosso trabalho? O papel da universidade é de propor novos comportamentos, de quebrar paradigmas e não de aceitar a ideia que vem do patrão, de imposição de horário. Temos que continuar estudando para desempenhar melhor o trabalho e as 30 horas fazem diferença na nossa qualidade de vida”.
Na visão de Carla Cobalchini, diretora do Sinditest, o que está em disputa não é mera questão moralista ou um método prático, mas sim questionar as formas de controle do patrão sobre a vida dos trabalhadores. “Para além da nossa força de trabalho, de resolver problemas que a administração pública cria, o patrão tem domínio sobre outra coisa que são nossa capacidade e nossa saúde, que é do tempo. Nessas 6 ou 8 horas de trabalho estamos subordinados a ele e esse tempo está em disputa”.
Pauta Local de Greve UFPR
Os servidores da UFPR estão em processo de construção da Pauta Local e hoje pela manhã complementaram algumas propostas. A pauta deverá ser concluída em breve. Nos próximos dias os servidores irão fazer reuniões setoriais e mesa de debate sobre o ponto eletrônico e a implantação das 30 horas para o conjunto da categoria, propondo melhorias à Resolução 56/11. Posteriormente a proposta, que será indexada à Pauta Local de Greve, será apresentada ao Conselho Universitário,
Adriana Possan
Assessoria de Comunicação do Sinditest