Os servidores do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) realizarão nesta segunda-feira (26), às 9h, no município de Itapipoca, um ato em defesa da educação pública, contra a precarização nos Institutos Federais e a favor do atendimento de reivindicações dos servidores do IFCE, pendentes de resposta pela Reitoria do Instituto. Na ocasião, será inaugurado mais um campus do IFCE, em Itapipoca, com uma solenidade para a qual está prevista a presença do reitor do Instituto, Virgílio Araripe, do governador do Estado, Camilo Santana, e do ministro da educação, Cid Gomes.
Os servidores do IFCE denunciam descompasso entre a expansão do Instituto, que inaugura mais uma unidade, e as dificuldades de estrutura, pessoal e recursos vivenciadas no cotidiano da instituição, por servidores e estudantes. “Os servidores não são contra a expansão, o acesso de mais pessoas, em mais cidades, aos cursos do Instituto, mas há uma posição crítica devido à realidade e à forma como essa ampliação vem sendo feita, sem os necessários investimentos em estrutura, pessoal, valorização dos servidores, democratização da gestão do Instituto”, aponta o professor Diego Gadelha, integrante da Diretoria Colegiada do Sindicato dos Servidores do IFCE (SINDSIFCE).
“A preocupação é com a qualidade da educação oferecida à população, com as condições objetivas de trabalho dos professores e técnicos. Neste momento, por exemplo, o IFCE vivencia uma grave crise, com forte insatisfação da comunidade acadêmica, pelo fato de a Reitoria ter retirado, através de portaria bem mais restritiva que o exposto no decreto 1590, o direito dos servidores à jornada de trabalho de 30 horas semanais, impondo o retorno à jornada de 40 horas, o que traz prejuízos tanto para os trabalhadores quanto para a comunidade, pela queda na qualidade do atendimento e pela sobrecarga dos servidores”, complementa o professor.
“Esse processo foi imposto de modo unilateral pela Reitoria, mesmo com todas as tentativas de diálogo. Por esse motivo, ao longo de 2014 houve paralisações em 21 dos 23 campi do IFCE”, ressalta, apontando que os servidores estão recorrendo à Justiça para evitar a perda do direito. “Ao mesmo tempo, o ato público desta segunda-feira é uma forma de cobrar da Reitoria do IFCE o cumprimento da promessa de se reunir com os servidores, para discutir a jornada de trabalho”, complementa o professor, apontando que a pauta nacional dos servidores de Institutos Federais será levada ao ministro Cid Gomes na ocasião, inclusive contando com a presença de integrantes da direção do sindicato nacional da categoria, o SINASEFE.
Entre outras reivindicações estão o pagamento dos retroativos referentes à gratificação por Reconhecimento de Saberes e Competências (RSC) para mais servidores, a garantia de não implementação de ponto eletrônico, o cumprimento da progressão por capacitação dos técnico-administrativos, critérios mais justos para a avaliação docente e uma gestão mais democrática, participativa e transparente no IFCE, com respeito à comunidade acadêmica e maior participação nas decisões que dizem respeito a todos que fazem o Instituto.
Contexto nacional: Cid e a educação
A manifestação marcada para acontecer quando da inauguração do Campus Itapipoca tem ainda o objetivo de provocar reflexão sobre os rumos da educação em todo o Brasil nos próximos anos, colocada pela presidenta Dilma como “prioridade”, mas entregue aos cuidados de um ministro que, como governador, questionou na Justiça a lei do piso salarial dos professores, manteve as universidades cearenses com graves dificuldades estruturais e de pessoal, enfrentou greves das universidades estaduais e conviveu mal com as reivindicações de professores e técnicos da educação – docentes em greve chegaram a ser espancados por policiais, em setembro de 2011, na Assembleia Legislativa do Ceará.
“Por todo esse contexto de dificuldades enfrentadas pela educação no Ceará, a manifestação será também um modo de denunciar o modelo de educação representado pelo então governador Cid Gomes. É importante lembrar que o ministro assumiu a pasta no MEC deixando as universidades em greve no Ceará sem perspectivas de negociação”, enfatiza o professor Diego Gadelha. “A sociedade como um todo precisa estar atenta à realidade da educação pública, no Ceará e no Brasil. Para além do discurso oficial de colocar a educação como prioridade, é preciso acompanhar de perto, conhecer a real situação das escolas e dos Institutos Federais, reivindicar a educação de qualidade, um direito constitucional que só será respeitado na prática se a sociedade estiver mobilizada e consciente”, complementa.
Fonte: SINDSICFE