Série ‘Conheça a nossa categoria’: Cleverson Jose dos Santos, Pedagogo no Complexo do Hospital de Clínicas

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Ao longos dos últimos meses, a série “Conheça a nossa categoria”, desenvolvida pelo Sinditest em parceria com a CIS UFPR, buscou apresentar duas das diferentes profissões que compõem a carreira dos TAEs – a de pedagogo e a de técnica e técnico em assuntos educacionais. Hoje, encerramos a primeira temporada do projeto com a entrevista de Cleverson Jose dos Santos, que nos apresenta uma perspectiva diferente da atuação de pedagogo, fora do ambiente acadêmico como vimos  com os demais colegas. Desde  o ano passado, ele atua lotado no Complexo do Hospital de Clínicas. Confira o seu dia a dia nas linhas a seguir!

Qual é a sua formação profissional?

Cleverson Jose dos Santos: Eu sou licenciado em Geografia e em Pedagogia pela UFPR. Possuo especialização em Orientação Educacional e atualmente curso Mestrado em Educação no PPGE-UFPR.

Quanto tempo você atua no cargo na Instituição?

Cleverson Jose dos Santos: Ingressei recentemente na UFPR como técnico, em janeiro de 2020. Mas faço parte da comunidade acadêmica há 10 anos.

Como é a rotina na sua Unidade de lotação? 

Cleverson Jose dos Santos: A rotina na Unidade em si varia em função da atribuição de cada profissional ou cargo. No meu caso, minha rotina se divide em duas demandas específicas: os cursos de capacitação (que se destinam à ambos os vínculos) e a os afastamento para ações de desenvolvimento dos técnicos e das técnicas. A primeira demanda envolve o planejamento, desenvolvimento e avaliação de cursos que são propostos pelos/as profissionais do CHC. São cursos muito diversos, que exigem contato com profissionais de diferentes formações. Em alguns casos, é preciso estudo, pesquisa. Porque eu preciso compreender minimamente a temática envolvida, para então propor as sugestões e alterações necessárias do ponto de vista pedagógico.

Em relação à segunda demanda, exige um domínio do aspecto legal e normativo da PNDP (Política Nacional de Desenvolvimento de Pessoas). Quando o/a técnico/a lotado/a no CHC se afasta para uma ação de desenvolvimento (eventos, mestrado, doutorado etc.) o processo passa por uma pré-análise na minha Unidade e então segue para a PROGEPE. Há também o levantamento anual e as revisões do PDP, que geralmente geram muitas dúvidas, não só por ser uma política nova e com alterações constantes, mas também porque no hospital há muitas chefias de unidade com vínculo EBSERH, as quais, eventualmente, desconhecem as normativas específicas para os/as técnicos/as. Essa realidade do CHC possuir dois vínculos com regramentos diferentes faz parte da rotina de quem trabalha com gestão de pessoas.

Quais as principais atividades que no seu dia a dia são fonte de satisfação profissional e quais são as principais fontes de frustração?

Cleverson Jose dos Santos: No geral, aquilo que apresenta uma dimensão criativa é objeto de satisfação. Eu gosto muito de criar e desenvolver cursos novos ou então daquele processo de afastamento cheio de desafios.

Em razão da pandemia, quase todos os cursos de capacitação passaram a ser ofertados na modalidade EAD (não é Ensino Remoto). Era novidade para quase todos no hospital e então havia a necessidade de qualificar os profissionais que ofertam os cursos. Estamos finalizando a primeira turma do curso “Tutoria em EAD na Capacitação de Profissionais de Saúde”, o qual tive oportunidade de organizar. Essa é a dimensão criativa do trabalho, que surge de acordo com o contexto.

Por outro lado, eu não gosto muito de algumas atividades mecânicas. Gerar centenas de dados para inscrição em um curso ou cadastrar os dados de centenas de certificados, por exemplo. Mas entendo que isso também faz parte do trabalho. Poderia ser 100% automatizado! hahaha

Como sua função/atividades se relacionam com o cotidiano da instituição?

Cleverson Jose dos Santos: Minhas atividades têm relação direta com uma dimensão pouco conhecida na maioria das instituições, inclusive na UFPR: o desenvolvimento institucional. A UFPR bem como o CHC-UFPR possuem instrumentos específicos de planejamento e desenvolvimento institucional, como o PDI, os quais devem orientar as ações institucionais. No meu entendimento, o desenvolvimento de pessoas é parte do desenvolvimento institucional. Sendo mais específico, as ações de desenvolvimento promovidas no CHC têm como objetivo último a melhoria da assistência em saúde: a medida em que o profissional é capacitado de forma permanente, melhores práticas serão produzidas no campo do trabalho. Isto é, trabalhadores e pacientes precisam ser beneficiados. Nesse sentido, minhas atividades estão conectadas a um aspecto específico do cotidiano dos hospitais universitários: a atenção em saúde.

Qual é a importância que você atribui ao desenvolvimento do seu trabalho?

Cleverson Jose dos Santos: Penso que é um trabalho de “formiga”. A instituição tem dimensões gigantescas: só no CHC são mais de 3.000 profissionais (somados os vínculos UFPR e EBSERH). Esse número dá uma noção das dificuldades. Então, é preciso pensar a importância do trabalho também em microescala. Nesse sentido, vejo que minha atuação enquanto pedagogo é importante no sentido de promover a articulação entre os/as diferentes profissionais.  Promover o diálogo é essencial no campo da educação, principalmente na educação não-formal. É o diálogo que permite identificar as demandas na capacitação dos/as profissionais e produz ações no sentido de superá-las. Essa postura também permite maximizar as ações dentro das possibilidades colocadas (já que capacitar a maior parte dos/as profissionais ainda é utopia). Em resumo é isso, enquanto pedagogo preciso estar preocupado em articular o trabalho e isso é relevante, principalmente em um hospital de alta complexidade.

O Coordenador de Educação do Sinditest, Guilherme Ruthes, convida você a ler uma reflexão de Paulo Freire sobre a profissão de Pedagogo.  Clique aqui e acesse o conteúdo.

 

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