Ruy Braga diz que terceirização é só a ponta do iceberg contra os trabalhadores; servidores elegem delegados (as) para o Congresso da CSP-Conlutas

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Nesta manhã o Sinditest realizou a mesa “Terceirização e Universidade Pública” com Ruy Braga, professor da Universidade de São Paulo, especialista em sociologia do trabalho. O evento foi transmitido ao vivo em tempo real pelo canal do Sinditest no Youtube. A mesa fez parte da assembleia que elegeu 12 delegados (as) para participar do 2º Congresso Nacional da CSP-Conlutas, que acontecerá no mês de junho em Sumaré (SP).

“É um período de enormes desafios no país, principalmente para os sindicatos” – Ruy Braga

Ruy Braga é um destaque nacional e se dedica há anos ao tema da terceirização. Segundo ele a aprovação do PL 4330 é apenas a “ponta do iceberg”, é um indicativo de que a política do Governo contra os trabalhadores deve recrudescer ainda mais. Referindo-se às MPs 664 e 665, Braga frisou que o governo Dilma (PT) não economizou nada em cortar o seguro defeso dos pescadores. Um governo que corta o seguro defeso está disposto a tudo, a atacar o direito dos trabalhadores. “Eles vão espoliar o povo brasileiro para entregar ao sistema financeiro internacional. Se eles tiverem êxito, haverá uma mudança estrutural no mercado de trabalho no país que vai atingir a todos”, disse Ruy Braga.

Atualmente 2,7 milhões de trabalhadores são terceirizados. Se o PL 4330 passar a vigor incluirá não somente as atividades de meio, mas também atividades fim. Isso significa que haverão terceirizações generalizadas, o desemprego e a rotatividade serão ainda maiores. “No primeiro ano você praticamente terceiriza todo mundo. Isso muda o padrão de competição entre as empresas. Daqui 5 anos aproximadamente 30 milhões de trabalhadores serão terceirizados e isso muda o país. Esse é um país cuja classe trabalhadora se criou em torno da consolidação dos direitos do trabalho. A CLT foi capaz de criar um campo legítimo de lutas sociais, classistas. Mas o que eles estão fazendo hoje é rasgar a CLT na nossa cara”, afirma o professor.  “O governo Dilma está empenhado ativamente na aprovação do PL. Este é o programa, esta é a agenda do governo federal”.

O Congresso da CSP-Conlutas que se avizinha será uma ferramenta de organização dos trabalhadores para lutar contra a retirada de direitos do Governo Dilma, contra a violência do estado pra reprimir e criminalizar os movimentos sociais, como foi visto na luta conta a EBSERH no HC e ontem, durante a luta legítima dos servidores públicos contra o PL 252, que saqueia o dinheiro do Paranáprevidência. A direção do Sinditest participa e apoia a luta dos professores desde o início deste ano e ontem esteve na ALEP para prestar solidariedade à categoria, que sofreu com truculência e a descomunal força repressiva usada por Beto Richa.

Manifestação na ALEP lembra a luta contra a privatização do HC, assinala Carlos Pegurski

Carlos Pegurski, vice-coordenador da seção sindical do Sinditest (Sinutef),  questionou a simplificação da polarização política que acontece no país. “Quando o PSBD massacra o trabalhador, e essa é a tônica, esse é o DNA do partido, a gente não pode dizer exatamente que eles são traidores da classe trabalhadora  porque a gente nunca esperou nada de diferente do PSDB. Agora, nós esperamos coisa diferente do PT, nós esperamos coisa diferente da CUT e o que a gente viu lá ontem numa proporção maior foi o que o PT promoveu aqui nessa universidade  há alguns meses atrás na votação da EBSERH. Se tem dois lados diferentes não é uma oposição entre PT e PSDB, os dois lados diferentes tem que ser a oposição entre os trabalhadores e os partidos da ordem e aí nós vamos ter que rebolar muito pra reconstruir e organizar a classe trabalhadora. Está aí a importância de a gente entrar numa central sindical de luta como é a CSP-Conlutas, ir pro congresso, militar, se organizar, por que não tem  outro caminho”, defende Carlos.

No dia 17 de abril, na mesma ocaisão em que o Governo Dilma avança com o PL 4330, o Supremo Tribunal Federal aprovou a ADI 1923, que permite a contratação de professores por meio de Organização Social (OS). Carla Cobalchini, diretora do Sindicato, afirmou que os servidores federais têm condições de chamar uma grande greve geral e lutar como lutaram os trabalhadores do estado. “As OS já são uma realidade em muitos estados, quem é que tem dúvida que o governo vai fazer isso os técnicos? Nós estamos fora do plano nacional de educação. Alguém tem duvida de que precisamos lutar?”. Ruy Braga apontou que com a decisão do STF todas as atividades do governo podem virar OS e os concursos públicos serão congelados; “se trata de corrupção, de exploração, maracutaia. Esse pessoal está interessado em fazer dinheiro rápido. Isso é terra de ninguém. A única solução é nossa auto-organização e nossa mobilização porque nós estamos sozinhos! Não vai ter Renan Calheiros vingador e não vai ter Dilma redentora”.

“Nós estamos fora do plano nacional de educação. Alguém tem duvida de que precisamos lutar?” Carla Cobalcihni

José Carlos Assis, diretor do Sinditest denunciou a violência do governador Beto Richa (PSDB) contra os trabalhadores e estudantes e fez um chamado aos servidores federais a construírem a greve geral para derrotar os governos estadual e federal, aliados dos patrões.

Rufina Rodrigues, diretora do sindicato, fez um apelo aos colegas de trabalho: “a gente tem que se mobilizar, se unir com as outras categorias e enfrentar seja PT, seja PMDB, PSDB… Vamos valorizar nosso trabalho, ninguém vai nos salvar. Somos só nós, com nossa força, nossos braços. Eu chamo todo mundo pra estar unido e lutando por que a luta é de todo mundo!”

Adriana Possan
ASCOM Sinditest

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