No cenário de mobilização nacional dos Trabalhadores em Educação, a Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA) destaca-se, infelizmente, não pela sua participação ativa na luta por direitos, mas sim pela retaliação aos técnicos administrativos em educação (TAEs) que aderiram à Greve Nacional. Em um movimento inaceitável, a reitoria da Unila encaminhou alterações nas regras do Plano de Gestão de Desempenho (PGD) ao Conselho Universitário sem passar pela Comitê de Acompanhamento e Avaliação do PGD (CAAPGD), nem discutir e negociar com o Sinditest-PR, sindicato que representa a categoria.
A gestão da universidade surpreendeu ao tomar medidas unilaterais que impactam diretamente os TAEs, desconsiderando completamente a necessidade de diálogo e negociação. É importante ressaltar que a UNILA foi uma das instituições que se organizou de forma rápida e eficiente durante a Greve Nacional, tendo uma grande adesão ao movimento e sendo a primeira a apresentar sua pauta local na última assembleia realizada em Curitiba, no dia 15 de março.
A retaliação da gestão da UNILA não se limita apenas à questão do PGD. Relatos de situações de desrespeito à categoria têm se multiplicado nos últimos dias, incluindo a cobrança de chefias imediatas sobre compensação de horas e reposição de trabalho, sendo feita diretamente aos trabalhadores; tentativas de deslegitimar o Comando de Greve Local, questionando a legitimidade do movimento grevista e as decisões da comissão de ética do comando na ratificação e análise das atividades essenciais determinadas por lei. Além disso, a demora na criação dos códigos de greve para o registro do ponto eletrônico e planos de trabalho do PGD, configura tentativa de inibir a adesão à greve, visto que muitos trabalhadores se sentem inseguros em participar das atividades da paralisação sem poder fazer o registro adequado.
“É decepcionante ver que o desrespeito à nossa categoria na UNILA vem acontecendo desde que a nova gestão da universidade assumiu. Relatos de servidores ‘convidados’ a serem removidos ou a entregar cargos quando se opõem à gestão; a colocação de um servidor, ex-dirigente sindical, à disposição sem justificativa plausível; solicitação de colegas para ‘prestar atividades sazonais na reitoria’ buscando enfraquecer setores de controle interno; equipes inteiras relatando medo de aderir ao movimento grevista e sofrer retaliação; além do desrespeito constante com nossos representantes TAEs no Conselho Universitário, buscando limitar suas falas, ou mesmo calar a categoria como aconteceu na sessão que aprovou a criação da prefeitura universitária, no tratoraço, em dezembro do ano passado. A tentativa de acabar com o teletrabalho integral na Unila em plena mobilização de luta pela valorização da nossa carreira, foi a gota d’água, pois fere o nosso direito legítimo à greve, além de desmobilizar o debate em torno da pauta nacional”, declarou a coordenadora sindical Fernanda Pereira.
Na última sexta-feira, durante a assembleia dos TAEs da Unila, os representantes da CAAPGD destacaram que as propostas de mudanças no programa (que restringem drasticamente o teletrabalho integral) não foram apresentadas nem debatidas conforme as normativas vigentes. Além disso, não há registros documentais das discussões mencionadas no processo. Em setembro de 2023, o comitê trabalhou na elaboração e aplicação da avaliação do PGD na Unila, que deveria servir de base para as mudanças, porém o relatório final produzido também não foi analisado pelo comitê, como era previsto. Desde a entrega do relatório à Reitoria, o CAAPGD passou três meses sem realizar reuniões. Em 11 de março de 2024, quando indagado sobre as modificações no PGD, o presidente da comissão, Pró-reitor de Gestão de Pessoas, informou que a minuta ainda estava em elaboração. Surpreendentemente, o documento de alteração foi enviado ao CONSUN de maneira arbitrária e irregular em 14 de março de 2024, apenas três dias após o início da Greve Nacional dos Trabalhadores em Educação.
O Sinditest-PR repudia veementemente essas ações da reitoria da UNILA e denuncia publicamente o desrespeito aos direitos e à dignidade dos Técnicos Administrativos em Educação. É inadmissível que em um momento de luta por melhorias e valorização da categoria, a administração da Unila escolha o caminho da retaliação e da falta de diálogo.
“Conseguimos construir o movimento grevista na Unila em torno da nossa pauta nacional, de valorização da carreira e recomposição salarial. O PGD (teletrabalho) não era o ponto principal de nossa pauta local, pois entendemos que esse trabalho já estava sendo feito por nossos representantes na CAAPGD. Mas o comitê foi excluído da elaboração da minuta, as alterações sequer foram apresentadas aos colegas, impedindo o debate com a categoria em assembleia”, declarou a coordenadora sindical Fernanda Pereira.
Os representantes da categoria técnica no CONSUN já pediram vistas ao processo e pretendem abrir discussões com conselheiros(as) e com todas as categorias para apresentar proposta de aperfeiçoamento do PGD na Unila, conforme preconiza os processos democráticos no âmbito da universidade. Veja aqui o documento enviado aos conselheiros (as).
O Sinditest-PR também enviou ofício solicitando que a reitoria da Unila reveja imediatamente suas ações e se comprometa a respeitar os direitos dos TAEs, garantindo a negociação e participação da categoria em todas as decisões que os afetem diretamente. A categoria está unida e pronta para continuar lutando pelos seus direitos e pela valorização de seu trabalho, e o sindicato está ao lado dos TAEs nessa batalha.
Diante desses fatos, convocamos todos os técnicos administrativos em educação da Unila a permanecerem unidos e mobilizados, pois juntos somos mais fortes e podemos reverter essa situação de desrespeito e retaliação.