Não se pode discutir racionalmente a questão da Educação pública no Brasil sem um debate prévio a respeito do que entendemos por “soberania nacional”. Dependendo da resposta que dermos ao problema da soberania, automaticamente todas as controvérsias sobre a Educação nos parecerão solucionadas.
Há poucas semanas, Dilma Rousseff declarou à imprensa que Obama não necessita “espionar” o Brasil: se ele quiser saber algo, pode ligar pra ela. Dilma disse isso para mostrar ao PSDB e ao resto da oposição de direita que ela tem o apoio dos EUA (e do capital financeiro). Nessa declaração, contudo, aparece o grau de subordinação do nosso país aos interesses estrangeiros.
Um país sem autonomia, pisado e humilhado por nações estrangeiras, violado sistematicamente, explorado economicamente até o esgotamento de suas forças vitais, não pode, evidentemente, ser considerado soberano — principalmente quando seus chefes de estado são abertamente submissos.
E a grande questão é que NUNCA haverá ensino de qualidade no Brasil enquanto nossas “elites” e nossos “governantes” estiverem satisfeitos com a pilhagem que praticam contra o Estado (corrupção) e conformados com o retorno de nossa economia a um modelo semicolonial.
Um país cuja função é fornecer matérias-primas para o mercado mundial, comprar industrializados das “metrópoles” e sediar empresas estrangeiras (dando a elas total liberdade, inclusive na remessa de lucros para o exterior), jamais terá educação de qualidade.
Os grandes latifúndios, as imensas áreas cobertas pelas monoculturas de soja, cana-de-açúcar, pinus, eucalipto, não requerem trabalhadores com muita instrução. O mesmo vale para nosso amplo setor de serviços ou para a indústria estrangeira instalada em nosso país.
Ou seja, do ponto de vista capitalista, dos proprietários dos ramos da economia citados acima, a Educação vai muito bem. Não há qualquer necessidade de mais investimentos na educação.
E é exatamente este critério que a presidente Dilma observa. Para governar, ela ouve o banqueiro, o empreiteiro, e depois faz escolhas. Decide desse modo cortar mais dinheiro das universidades. Ela jamais saberá que, por isso, milhares de trabalhadores terceirizados das universidades vão ficar sem os salários e vão passar fome ou necessidades.
Há na história recente da América Latina o exemplo de um país semicolonial, que durante muitos anos fora usado como bordel pelos EUA, cuja população vivia na miséria, e que em dado momento rompeu com sua subordinação secular aos colonizadores, fazendo uma revolução.
Este país ascendeu rapidamente da miséria para ser uma referência importante nas áreas de educação e saúde públicas. O fato de que este país tenha retornado para o martírio da economia de mercado, capitalista, e que, por isso, seu povo tenha retornado para a miséria, não apaga da história os êxitos formidáveis alcançados na época heróica de sua revolução.
Se quisermos ter educação de qualidade, precisamos, primeiro, escolher o caminho da soberania nacional. E soberania nacional nessa época em que vivemos, de dominação do capitalismo imperialista, é sinônimo de revolução socialista, de uma luta pela libertação do país.
A criança que vai para a escola com fome, esperando encontrar um prato de comida, e que encontra a professora mal paga, superexplorada e exausta, além do ambiente triste e desmoralizante da escola caindo aos pedaços — essa criança só deixará de ser o retrato da educação brasileira quando os bancos deixarem de controlar, através das mãos de Dilma e Levy, o Orçamento da União.
Quando dissermos:
— Neste ano, vamos investir 47% do Orçamento na Educação e na Saúde. Os banqueiros ficarão (se quiserem) com a parcela que anteriormente era destinada a essas áreas.
Quando escolhermos esse caminho, poderemos encontrar outra imagem para representar nossa educação. Até lá, nossas crianças famintas e nossas professoras maltratadas e nossas escolas caindo aos pedaços são a realidade.
De fato, é preciso ter um “coração valente” para zombar de tanto sofrimento com o slogan “pátria educadora”.