Procuradora quer que 100% das UTIs do HC voltem a funcionar; decisão vai para assembleia de greve, amanhã

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reuniaogrevemp638A procuradora regional dos Direitos do Cidadão Eloisa Helena Machado expediu na tarde de terça-feira, 16, uma recomendação para que o Sinditest-PR garanta, no prazo de 48 horas, o atendimento integral em cinco unidades do Hospital de Clínicas da UFPR. Os servidores técnico-administrativos da Universidade estão em greve desde o dia 29 de maio.

Para a promotora, todos os leitos da UTI Adulta, Unidade de Terapia Semi-Intensiva Adulta, UTI Neonatal, UTI Neonatal de Risco Intermediário, UTI Pediátrica e da UTI Cardíaca do HC devem voltar a funcionar até a tarde de quinta-feira, 18.

A recomendação foi entregue em reunião com o comando de greve, que se comprometeu a levar a decisão a assembleia na manhã do dia 18. À procuradora, o comando garantiu que pelo menos 30% dos leitos estão ativos em todos os setores considerados essenciais, conforme determina a lei greve.

A atualização dos dados de adesão da greve feita pelo Sinditest-PR na manhã desta quarta-feira, 17, mostra, no entanto, que o número de leitos que continuam abertos é bem superior. Os seis leitos da UTI Pediátrica, por exemplo, continuam em funcionamento. Na UTI Neonatal, são 16 leitos abertos, dos 24 que existem. Na UTI Adulta, dos 14 leitos, quatro foram fechados pelos grevistas.

A unidade com maior número relativo de leitos fechados é a UTI Cardíaca: dos oito, quatro estão parados.

No limite
Na recomendação, a procuradora Eloisa Helena argumenta que o direito à vida se sobrepõe ao direito de greve, embora ambos sejam garantidos constitucionalmente. “Se necessário for, que sejam realocados servidores para que garantam atendimento integral nos setores de terapias intensivas acima indicados, através de escalas”, diz o documento.

Os funcionários do HC reclamam, no entanto, de já trabalharem no limite de sua capacidade, mesmo sem a paralisação. Na UTI Pediátrica, há normalmente apenas quatro funcionários por turno, para cuidar dos seis pacientes para os quais a unidade tem capacidade. Além disso, eles também precisam realizar trabalhos que não lhes competem, a fim de suprir a brecha da falta de pessoal. “É a gente que vai no laboratório buscar material, que vai no almoxarifado. A gente passa mais tempo andando pelo hospital do que prestando assistência aos pacientes”, reclama uma servidora.

Fora a carência de pessoal, a UTI Neonatal enfrenta outro grave problema: a superlotação. A capacidade de atendimento da unidade é de 24 pacientes. “Mas aqui já chegamos a ter 30”, lembra outra servidora.

A UTI Cardíaca tem 12 funcionários para oito leitos. De acordo com uma delas, mesmo antes da greve havia dias que a unidade só funcionava porque incorporava técnicos e auxiliares de enfermagem de outros locais, no Adicional de Plantão Hospitalar. O APH, como é conhecido no jargão dos profissionais da saúde, é um plantão extra, fora da escala de plantões regulares, de 12 horas ininterruptas, muito desgastante para os funcionários. “A greve não é só por aumento salarial, é por condições de trabalho”, argumenta uma servidora.

Direito de greve
O excesso de plantões hospitalares foi um dos argumentos usados na terça-feira pelo comando de greve para tentar sensibilizar a procuradora Eloisa Helena. “As pessoas não aguentam mais trabalhar no limite”, ponderou Rufina Roldan, que também faz parte da direção do Sinditest. “Na UTI Pediátrica há mais leitos do que pessoas para atender. Nessas condições, algum procedimento vai falhar.”

Na UTI Adulta, que tem 14 leitos, só existe uma pia para que os funcionários possam lavar as mãos. “Daí chega a greve, a UTI não funciona e a culpa é dos trabalhadores”, continuou ela.

A advogada do Sinditest Rosimeri Paixão demonstrou preocupação com o expediente de judicialização da greve. A direção do hospital foi notificada da paralisação com 72 horas de antecedência, mas se negou a sentar com o comando de greve para discutir as escalas dos trabalhadores. “Cabia ao HC e à reitoria da UFPR utilizar os meios legais para que pudéssemos ter uma negociação tranquila”, disse. “O que me preocupa é que o Judiciário tem dado guarida a esse tipo de expediente, de judicialização. Pode chegar ao ponto de negar o próprio direito de greve”, completou.


Sandoval Matheus
Assessoria de Comunicação do Sinditest

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