Técnicas e técnicos administrativos em educação da base do Sinditest-PR participaram quarta-feira (25), presencialmente e via plataforma Zoom, da última Assembleia Geral da categoria. O debate, realizado no Anfi 100 da UFPR, contou com cinco pontos de pauta, que foram discutidos em profundidade pelos participantes.
“Conseguimos debater assuntos importantes, incluindo a campanha salarial. A análise sobre a conjuntura política também foi muito boa, percebemos que, em geral, existe consenso entre os TAEs quanto à dificuldade do cenário que estamos vivendo e das estratégias para derrotarmos o governo Bolsonaro, que está destruindo o país, acabando com os serviços públicos e impondo enorme sofrimento a maioria do povo”, afirmou Mariane Siqueira, coordenadora geral do Sindicato.
Delegadas e delegados de base também estiveram presentes na reunião – a iniciativa visa fortalecer, integrar e possibilitar que os representantes por locais de trabalho vivenciem, na prática, as atividades promovidas pela entidade sindical. Durante a assembleia, a categoria elegeu ainda a chapa que irá representá-la na próxima Plenária Nacional da Fasubra, marcada para o início de junho.
Confira abaixo os principais encaminhamentos:
Negociação das pautas locais com as Reitorias
UFPR
Segundo o coordenador jurídico Marcello Locatelli, responsável pela abertura do ponto, as técnicas e os técnicos da UFPR foram os primeiros a estruturarem uma Comissão de Negociação, o que possibilitou o início das rodadas de discussão da pauta local com a Reitoria. Até o momento, duas reuniões foram realizadas e resultaram no progresso de algumas demandas, como o termo de acordo referente aos dias de paralisação. O assunto, uma das questões mais urgentes apresentadas ao Reitor, será debatido por uma outra comissão composta pelo Sindicato e pela gestão da Universidade. A direção sindical defende que não haja corte de ponto, com a compensação dos dias de luta por meio da reposição de trabalho, assim como nas negociações anteriores.
Outra reivindicação, a de abertura de concursos públicos, também foi esclarecida: de acordo com a gestão da instituição, as vagas solicitadas pela entidade foram atendidas com o novo edital de concurso público do Regime Jurídico Único (RJU) e também através da prorrogação dos concursos ainda vigentes. Desta forma, mais de 70 profissionais RJU e 45 EBSERH foram convocados para suprir as necessidades tanto da Universidade quanto do Complexo Hospital de Clínicas.
Em relação ao RU, foi instaurada uma Comissão formada pela direção sindical, membros da base e da Reitoria. O grupo será responsável pela análise dos pontos que têm impactado a composição dos preços do Restaurante Universitário.
CHC
Considerada pela direção da entidade como a pauta mais complicada, as reivindicações das trabalhadoras e dos trabalhadores do Complexo Hospital de Clínicas também foram colocadas na mesa de negociação.
“O pessoal do CHC sofre com uma série de problemas, como o assédio moral, a política da EBSERH aplicada como algo absoluto lá dentro, com os cortes de insalubridade, com a falta de funcionários, banco de horas, entre outros assuntos. A direção do Sindicato fará uma ação mais direcionada no hospital para mobilizar a partir das demandas específicas”, detalhou Locatelli.
Além disso, conforme explicou o coordenador, houve, por parte da Reitoria e da Superintendência do Hospital, o compromisso em rever os critérios do Marco Zero RJU. Agora, os técnicos terão mais 60 dias para usufruir das folgas – a direção do Sindicato segue negociando para que o prazo chegue a 90 dias.
UTFPR
Outro tema negociado foi o teletrabalho, que será implementado na instituição através de um plano piloto de três meses, com início previsto para os próximos dias. A minuta de portaria que regulamentará essa modalidade de trabalho também está encaminhada e já foi apresentada ao Reitor – o Sinditest-PR e a CIS participaram ativamente do processo de elaboração.
A jornada flexibilizada de 30 horas também foi colocada em pauta. Segundo a UTFPR, a resolução será novamente discutida, no intuito de ampliar e melhorar o atendimento ao público interno e externo. Outro problema, o assédio moral, será tratado de maneira institucionalizada pela direção da Universidade, que, assim como o Sinditest-PR, está se posicionando também contra a migração dos servidores públicos federais para o INSS.
Já em relação às atividades sindicais, o compromisso do Reitor foi de respeitar as conquistas democráticas dos trabalhadores – desde que o Sindicato comprove e oficialize a realização de eventos, os representantes poderão ser liberados para participar.. Da mesma forma, o compromisso firmado foi de não haver desconto dos dias de paralisação. O termo de acordo da Unila será estudado pela gestão da UT, que deve avançar neste mesmo sentido.
Unila
Responsável pelo informe da Unila, o delegado de base Luiz Fernando Matias destacou que os 14 pontos da pauta local da instituição foram levados à gestão da Universidade, que em um primeiro momento respondeu aos questionamentos de forma genérica.
“Então nós retornamos à Reitoria discutindo cada item. Nesse movimento fechamos os pontos dos dias de paralisação, que foram negociados como atividades de capacitação e formação, incluindo as atividades sindicais. Dessa forma, compensamos de três maneiras: ressarcimento das horas, por meio de atividades de capacitação dentro do plano de desenvolvimento e através de atividades temáticas propostas pelo Sindicato”.
A negociação dos demais pontos continua com a participação ativa tanto do Sinditest-PR quanto dos membros da comissão eleita pela categoria para esse fim.
Conjuntura do país e greve do funcionalismo público
Toninho Alves, da direção nacional da Fasubra, participou da assembleia conduzindo o debate sobre a conjuntura do país e a greve do funcionalismo público. Em sua avaliação, o governo Bolsonaro tenta aplicar a lógica fascista no Brasil.
“Bolsonaro tem feito dois movimentos: reforçar a política de armamento no país e a ameaça constante ao Supremo Tribunal Federal. É uma tentativa do “Trump Tupiniquim” de dar um golpe”, alertou.
Ele completou: “há uma crise econômica no país que não foi superada. O governo utiliza a velha política que a gente conhece: a culpa é do funcionalismo público, o estado está inchado e por isso nós precisamos vender as estatais e entregar o que dá lucro para a iniciativa privada – essa é a equação que o Guedes faz e que o Bolsonaro aplica na sua política. Essa crise econômica no Brasil não se estanca no primeiro semestre, até porque estamos acompanhando o aumento do desemprego, da violência, o aumento de famílias em condições de situação de rua, esses são os elementos que vão se acirrar no próximo período. Diante disso, Bolsonaro desvia a atenção do debate fazendo a política do pão e circo ou atacando o Supremo Tribunal Federal, que tenta cercear o tamanho da sua sanha pelo processo eleitoral do segundo semestre”, ressaltou Toninho.
Sobre o panorama de deflagração da greve nacional do funcionalismo, o coordenador afirma que este processo ainda permanece em construção.
“A greve num momento como esse só logrará vitória caso haja unidade de todo o segmento público, caso contrário nós corremos o risco de ter uma derrota e por isso nós vamos defender na Plenária da Fasubra a política de uma greve unificada dos servidores públicos federais ou no mínimo do setor da educação”.
Eleição de delegados e delegadas à Plenária da Fasubra
Por ampla maioria, a única chapa inscrita para a Plenária da Fasubra, que será realizada presencialmente no início de junho, foi aprovada pela categoria. Pelo quórum da assembleia, a entidade poderá participar do evento com 7 representantes, entre delegadas e delegados titulares e suplentes. Compuseram a chapa as técnicas Melissa Vicentini, Elis Regina Ribas, Joyce Paulino, Mariane Siqueira, Lerian Óto, Sandra Cabral, Letícia Vargas, Rosaninha Silva, Cintia Paião e os técnicos Marcello Locatelli, Máximo Dias Colares, Evandro Castagna, Marcelo Smanioto, Luiz Fernando Matias, Diego da Silva, Valter Antonio Mayer, Guilherme Latini e Juan Delffes.
Teletrabalho UFPR
Última pauta da assembleia, o informe sobre o teletrabalho na UFPR foi apresentado pela coordenadora de organização por local de trabalho Elis Regina Ribas. De acordo com a sindicalista, na UFPR a resolução que regulamenta o teletrabalho na instituição foi aprovada no COPLAD e será implementada em modalidade piloto.
“Eu gostaria de tranquilizar a base, o teletrabalho é um programa da gestão. A Universidade tem interesse que essa modalidade de trabalho ocorra. Alguns membros da base nos disseram que estão preocupados porque acham que o piloto daria margem para que o programa não fosse implantado, como aconteceu com as 30 horas, mas é uma realidade diferente. Será no plano piloto porque justamente é um modelo novo, bem diferente do que é o trabalho remoto, por isso precisamos estudar e acompanhar como se dará a implantação”, explicou Elis.
Um webinar sobre o tema, previsto para os próximos dias, está sendo organizado pela direção do Sindicato. A ideia é que membros da gestão da Universidade participem e respondam dúvidas da categoria quanto à implementação do teletrabalho.