Apesar de agendada há 30 dias, nenhum representante da Reitoria compareceu na reunião para discutir os rumos da Creche Pipa Encantada. A ausência, comunicada duas horas antes, foi vista por mães, pais e professores como um desrespeito, pois os prazos estão ficando cada vez mais apertados para resolver o principal problema da creche: a falta de professores. “Tão jogando a gente pra debaixo do tapete”, desabafou uma das mães presente na reunião, realizada no último dia 10, na sede do Sinditest.
“Vamos cobrar do Reitor o porquê dele não ter vindo. A Reitoria tem pelo menos oito assessores especiais. Por que isso tem que ser assunto só nosso? Esse é um problema da Universidade”, afirmou Carla Cobalchini, coordenadora do Sinditest e mãe de aluna da Pipa.
Sem a presença da gestão, foram discutidas alternativas de curto prazo para a manutenção da creche: aumento do número de estagiários, de bolsistas (uma pela manhã e outra pela tarde) e a possibilidade de movimentação de pedagogos e pedagogas da UFPR que estejam em desvio de função.
No turno da manhã, a questão da falta de professores(as) foi remediada com o remanejamento de função da coordenadora pedagógica, que volta para a sala de aula. A movimentação de uma funcionária da FUNPAR formada em pedagogia com especialização em educação infantil também resolverá temporariamente o problema neste turno.
“Existem soluções. Apontamos alternativas imediatas. Até 1º de junho os pais precisam saber se vão ter a creche ou não. Com as soluções que apontamos não precisaremos ter gente de fora, basta a boa vontade dos administradores. Eles têm que querer fazer a coisa”, afirmou Valter Antônio Maier, técnico administrativo e membro do Conselho Universitário.
Uma nova reunião está agendada para a próxima terça-feira, dia 16, às 11 horas, na sala de reuniões do Conselho Universitário. Uma carta, assinada pelas mães e pais da creche, foi lida durante a sessão de ontem do COUN. “É preciso solucionar o problema de pessoal. A questão financeira é grave, mas a de pessoal é prioritária. Até o dia 31 de maio precisamos da resposta final”.
Estagiários
A contratação de mais estagiários foi uma das hipóteses levantadas durante a reunião. “É interessante que se aumente o número de estagiários para a creche? É uma discussão que eu trouxe para coletividade”, indagou Valter.
“Nossos estagiários estão dando conta. Aumentar o número não melhora a situação, pois um estudante não pode ser responsável por uma classe”, afirmou a direção da Pipa. Continua então tudo como está: oito estagiários no período da manhã e oito durante a tarde.
Remanejamento
Dos 29 funcionários(as) da creche, 23 são contratados(as) pela Funpar. A contribuição da Reitoria no corpo docente é pequena. A possibilidade de remanejamento foi vista como uma alternativa para incrementar o quadro de profissionais da creche. “Estamos nos informando, querendo saber da situação. Não estamos impondo nada para as pessoas. Esta é uma sugestão”, apontou, mais uma vez, Valter.
Ele completou: “No levantamento que fizemos percebemos que a maioria dos(as) pedagogos(as) da UFPR são jovens de profissão. Existe algum pedagogo(a) que está trabalhando na Universidade fora de função e que gostaria de trabalhar na creche? Esse é o debate. Nós nunca iríamos impor nada ao trabalhador e à trabalhadora, mesmo porque não queremos alguém de má vontade trabalhando com os nossos filhos e filhas”, finalizou.
Oito Horas
Trabalhar com a equipe local, aumentando a carga horária para oito horas e, consequentemente, os salários, também foi uma das sugestões colocadas na mesa. “Os próprios professores e pedagogos que estão na creche poderiam se posicionar se querem ou não esse horário”.
No entanto, a ideia esbarra em questões legais, de acordo com a diretoria da creche. “A questão das oito horas é um complicador, porque a gente funciona 12 horas ininterruptas. Para a Secretaria de Educação legalmente tem que ter professor no horário fechado. Oito horas vai ajudar, mas não poderíamos, por exemplo, fazer oito horas para todos, porque não vai fechar nem de manhã e nem à tarde”.
Professores e professoras de sala de aula também podem fazer oito horas de acordo com o acordo coletivo.
A discussão de possibilidades continua na próxima reunião, desta vez, na própria Reitoria.
Silvia Cunha,
Assessoria de Comunicação e Imprensa Sinditest-PR.