O assunto está apenas começando, e vai ficar cada vez mais quente. Para um novo debate sobre o Future-se, docentes, estudantes e técnicos administrativos se reuniram no auditório de Química da UFPR na sexta-feira (2) em uma assembleia convocada pelos setores de Ciências Exatas e de Ciências Agrárias para falar do presente: os riscos que o projeto implica às instituições federais de ensino superior. A comunidade rejeitou o projeto e irá construir formas de enfrentamento.
O programa assombra a categoria: a responsabilidade pela universidade pública sairia das mãos do Estado e seria entregue a organizações sociais (OS). Trata-se da extinção da característica primária da instituição – expansão da educação de caráter social – para fazer um direcionamento a interesses unicamente mercadológicos.
Em sua participação no debate, o coordenador-geral do SINDITEST-PR Daniel Mittelbach esclareceu a urgente importância de lutar contra o projeto, para defender os direitos da categoria: “Ainda que alguns – por não estarem completamente inteirados do teor real do projeto – sejam simpáticos ao Future-se, a proposta traz muita apreensão aos servidores técnico-administrativos. Basta olhar as legislações que o projeto pretende alterar para perceber que é uma ilusão achar que qualquer servidor ficará rico com o ‘Fature-se’”.
Embora seja bastante vago, o Future-se deixa claro que modificará uma série de leis para ser implementado. Seu caráter exclusivamente comercial chega ao ponto de estabelecer o “dia do aluno empreendedor” (artigo 44 do projeto). A valorização do pensamento crítico é espremida para dar espaço somente ao caráter tecnicista da educação. “O objetivo do Future-se é apenas monetizar a instituição pública de ensino superior e restringir para lucro o conhecimento por ela produzido, não mais para o bem social”, enfatizou o coordenador-geral.
O Sinditest-PR está organizando para esta semana uma programação voltada a discussão e esclarecimento da proposta: “No dia 6 de agosto (terça-feira), estaremos em assembleia para tratar do Future-se. A rotina da universidade pública já é, por natureza, uma constante luta: estamos hoje preocupados com o trabalho de amanhã. Com o Future-se a universidade pública deixará de se planejar pelo orçamento aprovado terá de se programar contando com as expectativas de rendimento que o Fundo poderá, ou não, trazer”, relatou Daniel.
O coordenador-geral também questionou outras influências que o projeto traria à gestão das universidades. “No dia a dia da gestão isso já é horrível a curto e médio prazos. O que esperar de um orçamento que depende da rentabilidade de um fundo de investimentos, que pode, inclusive, ser mal aplicado?”.
O diretor do Sinditest-PR, Olivir Freitas, também ressaltou a importância das próximas atividades da categoria: “O Future-se não é alternativa para o corte de gastos na educação. Não podemos aceitar o projeto como substituto da captação de recursos porque ele vincula isso ao fim do caráter social das universidades federais”.
O coordenador de administração e finanças do Sinditest-PR reforçou: “A posição do Governo, ao despejar esse problema, agora, em cima da instituição, é mais uma forma de pressionar a comunidade universitária. Precisamos nos organizar para fazer frente a esse projeto. A assembleia do próximo dia 6 de agosto será importante para definirmos quais atos e ações usaremos como enfrentamento”.
Para ficar por dentro dos próximos passos da categoria em defesa da universidade pública e da luta contra os desmonte deste inaceitável projeto, acompanhe as notícias que serão publicadas nos meios de comunicação do sindicato ou inscreva-se para receber as notícias pelo WhatsApp. E junte-se à luta.
Fonte: Sinditest-PR