Outubro rosa: o que é? Pra quem é?

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Por Tawnne de Andrade, ativista do MML Zona Leste/SP

Outubro rosa é o nome dado a uma campanha realizada todo ano no mês de outubro de prevenção ao câncer de mama. Essa é uma das doenças que mais matam mulheres, no Brasil e no mundo.

Já tive a oportunidade de ver bons exemplos dessa campanha de conscientização em escolas públicas (por iniciativa das coordenadoras e professoras, não do governo, obviamente), e reivindico a importância desse tipo de campanha.

No entanto, escrevo agora não para explicar a questão do câncer em si, mas comentar como esse tipo de coisa é transformado pela mídia em um exemplo muito simples, mas curioso.

Esses dias eu estava no metrô, e infelizmente acabo tendo minha atenção atraída e distraída por aquelas televisões do metrô. Eis que o tema da rápida chamada era o Outubro rosa e fiquei por um instante feliz da TVzinha do metrô se dedicar a conscientizar as mulheres sobre isso. Mas não era bem o que eu esperava.

A rápida notícia era: “Mulheres famosas e câncer”, que tinha fotos com legenda de atrizes e artistas famosas e muito ricas que descobriram ter câncer de mama e que conseguiram `lutar contra a doença` e se recuperar, e hoje estão lindas e ótimas com suas carreiras de sucesso.

Não vem ao caso o nome das artistas mostradas. Elas provavelmente nem sabem que foram citadas nessa propaganda, e é lógico que acho muito bom que elas tenham se recuperado e superado a doença. Não é esse o problema.

O problema é que nenhuma dessas mulheres famosas teve que superar o câncer de mama sendo atendida no SUS. O problema é que nenhuma dessas mulheres artistas teve que superar o câncer de mama ganhando um salário mínimo por uma jornada de 44 horas semanais.

O problema é que essa propaganda esconde o verdadeiro lado de quem é afetado por uma doença dessas e não têm os recursos financeiros.

Força de vontade é importante, mas ninguém cura um câncer sem tratamentos médicos caríssimos. E essa propaganda apresenta aquelas mulheres ricas como guerreiras que superaram o câncer simplesmente porque foram fortes o suficiente. Essa é a ideia que ela passa.

Enquanto isso faltam hospitais, faltam médicos, faltam remédios para o conjunto das mulheres da classe trabalhadora. O câncer é uma doença terrível e dura para todas, certamente não quero menosprezar o sofrimento de nenhuma mulher com câncer.

Mas é muito mais duro ter sua expectativa de vida reduzida porque o Estado não garante saúde pública de qualidade, nem o governo federal petista, nem o estadual psdbista. Os governos têm deixado a saúde pública um caos. Agora com a crise econômica, os cortes estão afetando principalmente as áreas sociais.

Os planos de saúde particular são verdadeiras máfias com objetivo de lucrar, extremamente caros, sem qualidade, o recente caso da falência da Unimed paulistana deixou milhares de pessoas completamente desamparadas. Mas a existência em si de uma rede privada de saúde é um completo absurdo, que só o capitalismo pode permitir, com sua lógica de transformar tudo em dinheiro, inclusive a doença, a vida e a morte das pessoas.

Eu quero sim um Outubro rosa. Mas não acho que todo mundo usar roupas cor-de-rosa ou colocar um lacinho na camiseta pra mostrar que apóia a causa vá resolver o problema.

É necessário divulgar e conscientizar sobre o que é o câncer de mama, é necessário cobrar efetivamente dos governos que invistam verbas na saúde.

Temos que exigir investimento público em saúde, em hospitais, em distribuição gratuita de remédios. Com campanhas garantidas pelos governos nas escolas públicas para conscientização da juventude. Com o dinheiro dos impostos sendo direcionado a garantir a saúde das mulheres da classe trabalhadora.

Estatísticas:

“Segundo tipo de câncer mais frequente no mundo, o câncer de mama é o mais comum entre as mulheres, respondendo por 22% dos casos novos a cada ano. No ano de 2010 ocorreram 49.240 novos casos de câncer de mama no Brasil, sendo superado apenas pelo câncer de pele. No ano de 2008, 11.860 mulheres morreram por causa do câncer de mama e 125 homens também morreram por câncer de mama (www.inca.gov.br). O câncer de mama no homem é raro e representa menos de 1% dos casos, e o principal sintomas é um nódulo endurecido atrás do “bico” do peito, principalmente em pacientes acima de 50 anos de idade.”

fonte: Estatísticas sobre câncer de mama no Brasil –
http://www.sbmastologia.com.br/index/index.php/rastreamento-e-diagnostico/60-estatisticas-sobre-cancer-de-mama-no-brasil

“O câncer de mama é o segundo tipo de tumor mais frequente no mundo e o mais comum entre as mulheres. O INCA (Instituto Nacional do Câncer) publicou uma estatística que prevê 57 mil novos casos para o próximo ano, com cerca de 15 mil óbitos, no Brasil. A doença acomete com maior frequência mulheres entre os 45 e 55 anos de idade.”
fonte: Estatísticas apontam 57 mil novos casos de câncer de mama em 2015
http://www.segs.com.br/saude/12118-estatisticas-apontam-57-mil-novos-casos-de-cancer-de-mama-em-2015.html

Fonte: Movimento Mulheres em Luta

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