Opinião | Por que não iremos aos atos de rua de domingo

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*Por Evandro J. Castagna

Existe uma crise política recente no cenário nacional entre o poder Legislativo (Deputados e Senadores) e Judiciário brasileiro.  O corrupto Congresso Nacional tenta proteger-se do seletivo e autoritário poder judiciário, que se utiliza do prestígio popular do juiz Sérgio Moro para atuar acima da lei, apoiando-se em “convicções” e não em provas concretas, para intimidar os movimentos sociais e criminalizar as organizações de esquerda.

O juiz Sérgio Moro, transformado em herói pela grande mídia nacional (Rede Globo, Bandeirantes, SBT, etc.), foi um agente importante do judiciário no golpe institucional que impeachmou Dilma Roussef. A ação de Moro abriu caminho para Temer acelerar os ataques aos direitos sociais da classe trabalhadora e da juventude – representados pela PEC 55, MP do ensino médio, reformas trabalhistas e previdenciárias – que já vinha sendo construídos e implementados, num ritmo menor, pelo governo deposto de Dilma Roussef.

Não se enganem! Sérgio Moro sempre defendeu – juntamente com o Movimento Brasil Livre (MBL), o Vem Pra Rua e os partidos de direita (representados pela família Bolsonaro, Álvaro Dias e Franceschini) – todos os ataques aos trabalhadores e a juventude que mencionei acima. Tanto a alta cúpula do judiciário (incluindo o juiz Sérgio Moro) como a imensa maioria do Congresso Nacional (Deputados e Senadores) estão unidos na aplicação das medidas contra 99% da população brasileira.

Não é por acaso que não ouvimos ou assistimos nenhuma declaração de Sérgio Moro contrária às medidas antipopulares de Temer, nem à ação violenta da polícia contra a manifestação em Brasília do dia 29 de Novembro e a ameaça, por parte do STJ, de cortar o ponto dos servidores em greve.

A mobilização de domingo (04/11) não é independente, nem espontânea.

Ela é articulada pelos movimentos MBL e Vem Pra Rua, pela direita machista, homofóbica e racista, conta com financiamento de empresários, apoio da grande imprensa e de setores que defendem o retorno da ditadura militar no Brasil. A reacionária revista Veja também convoca abertamente a mobilização de domingo.

Quem financia o MLB é a Indústria Koch, a segunda maior empresa de capital fechado dos Estados Unidos depois da Cargill. As relações políticas com partidos da direita tradicional, que antes eram firmemente negadas pelos líderes do MBL ficaram explícitas nas eleições municipais. Além de aliados fiéis do corrupto Eduardo Cunha, o movimento lançou 45 candidatos a vereador e um candidato a prefeito. PSDB e DEM foram as principais legendas utilizadas.

O principal idealizador do movimento Vem Pra Rua é o líder político e empresário Rogério Chequer. Chequer consta na lista da empresa Global Stratfot, que foi acusada de envolvimento em golpes de estado em vários países, e suas ligações com o imperialismo dos EUA foram denunciadas pelo Wikileaks.

O discurso de “combate à corrupção” e de “defesa do juiz Sérgio Moro” contra um “complô de corruptos” é utilizado pela direita como cortina de fumaça para esconder o verdadeiro objetivo da burguesia brasileira e internacional: jogar nas costas dos trabalhadores e da juventude do país a conta da crise internacional dos capitalistas, que representam menos de 1% do total da população mundial (banqueiros, latifundiários, industriais, empreiteiros e grandes comerciantes).

*Evandro J. Castagna  é trabalhador do Hospital de Clínicas.

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