Censura e perseguição políticas, palavras que víamos estampadas apenas nos livros e materiais históricos do Brasil, voltaram a fazer parte da rotina do país no governo Bolsonaro.
A pluralidade de ideias e a liberdade de expressão, bases fundamentais de qualquer democracia, estão sendo frontalmente ameaçadas por setores autoritários do país. Ao que tudo indica, esse é um perigoso indício.
Um exemplo desse cenário é o recente episódio de censura que se deu nesta quinta-feira (8), com a proibição da realização de uma palestra sobre o programa Future-se no campus Curitiba do Instituto Federal do Paraná (IFPR).
O evento estava marcado para as 10h desta sexta-feira (9), a direção da unidade, seguindo recomendação do procurador federal, emitiu um comunicado determinando o cancelamento da atividade, da qual participaria o professor universitário e ativista social Guilherme Boulos.
O argumento utilizado pela direção do campus é que a realização do evento poderia interferir na consulta eleitoral para reitor e diretores-gerais dos campi da IFPR. A determinação foi motivada por uma ação ajuizada por um dos candidatos.
Não há dúvidas, contudo, de que se trata de um evidente ato de censura e autoritarismo contra setores sociais dispostos a debater os rumos da universidade pública no Brasil.
A decisão seria a mesma se o palestrante fosse outro? Ou se o debate tivesse outra temática?
As instituições federais de ensino superior devem ser espaços democráticos, abertos ao debate, porque assim também se produz conhecimento.
Impedir atividades que promovam debates sobre os rumos da educação, dentro do próprio ambiente educacional, é um imenso contrassenso. A direção da instituição e todos os atores envolvidos na decisão deveriam, neste momento, refletir urgentemente sobre seus posicionamentos, porque eles amparam o obscurantismo que cresce de forma avassaladora em nossa sociedade.
Resistir à censura
Desde o início do ano, os níveis de autoritarismo vêm crescendo assustadoramente no Brasil, dando espaço para decisões que ferem princípios democráticos mais elementares.
O cancelamento da atividade sobre o Future-se no IFPR se dá em um momento de grande mobilização dos trabalhadores da educação e das comunidades acadêmicas, que estão construindo a Greve Nacional da Educação no dia 13 de agosto.
Na tentativa de coibir o exercício da liberdade de expressão, atos como o da direção do campus Curitiba do IFPR têm se multiplicado Brasil afora, mas eles não vão nos intimidar.
Aqueles que defendem a educação e a democracia seguirão lutando em defesa do patrimônio científico brasileiro e dos direitos sociais.
Eles não vão nos calar! Censura e autoritarismo nunca mais!
*O debate público sobre o Future-se está mantido*. Ele será nesta sexta-feira (9), às 10h, em frente ao campus Curitiba do IFPR, localizado na rua João Negrão, 1285.
Diretoria do Sinditest-PR