A posse da nova bancada dos técnicos administrativos no Conselho Universitário (Coun) da UFPR, que deveria ter acontecido nesta quinta-feira, 31, foi adiada por pelo menos mais uma semana. Um recurso de efeito suspensivo, impetrado no fim da tarde de ontem por Daniel Mittelbach, membro de uma das chapas derrotadas, foi acatado pelo Reitor Zaki Akel Sobrinho. De acordo com ele, serão convocadas para quarta-feira, 06, e quinta, 07, reuniões extraordinárias para analisar o documento.
Na manhã de quarta-feira, um recurso da Chapa 5, que pedia a impugnação da eleição, já havia sido rejeitado pelo Conselho de Planejamento e Administração (Coplad). Nesta mesma sessão, o Conselho homologou, por unanimidade, o resultado da eleição. Ainda não veio a público o teor do efeito suspensivo impetrado posteriormente.
Membros da chapa vencedora estiveram na reunião desta quinta no Coun e protestaram contra a decisão do reitor. Valter Antonio Maier classificou o episódio de “golpe”. “Fizemos 180 votos a mais do que a chapa que agora está sentada no nosso lugar. Não sei se com o apoio ou não da administração da UFPR, mas o que está acontecendo é um golpe”, declarou.
Zaki Akel rebateu, dizendo que o recebimento do recurso foi uma orientação da procuradora-chefe da universidade. “Eu não vou aceitar a sua palavra de golpe. Estamos agindo dentro da legalidade.”
Intransigência
O reitor deixou de lado o costumeiro tom diplomático e ameaçou suspender o debate quando recebeu a notícia de que servidores estavam protestando em frente a porta que dá acesso ao edifício da reitoria, onde acontecem as reuniões do Coun. “Não vamos fazer nada na marra. Resolver no braço comigo não vai funcionar”, subiu o tom.
Carla Cobalchini, diretora do Sinditest-PR, esclareceu a situação: “Na verdade, eles estão em assembleia lá no pátio, não estão bloqueando a entrada. Os seguranças é que trancaram as portas”, dando a entender de que eles estavam temerosos de que os trabalhadores ocupassem o prédio.
A representante discente no Conselho, Gabriela Teles, fez coro. “Me parece que quem quer ganhar no braço aqui é quem toma uma decisão que contraria uma determinação do Coplad e a vontade da base do sindicato”, rebateu.
De acordo com ela, o estatuto da UFPR só admite que se acate o efeito suspensivo em três situações: urgência, motivo relevante ou interesse de ensino. “Qual é a urgência? Onde está o motivo relevante? Qual é o interesse de ensino?”, questionou.
Mesmo após o questionamento dos conselheiros de outras categorias sobre a ilegalidade da suspensão da posse, o reitor respondeu que a Presidência do Conselho foi orientada pela Procuradoria, acatou a orientação e está decidido! Sequer conseguiu responder as fragilidades apontadas pelos conselheiros sobre a “orientação da procuradoria”.
Interesse eleitoral
Durante as discussões surgiu a tese de que o reitor teria acatado o pedido da chapa derrotada para adiar a instalação da comissão que vai coordenar o processo eleitoral da UFPR. Essa comissão só pode ser formada quando a nova bancada dos técnicos assumir. Zaki Akel negou. “Das duas vezes em que me candidatei, a eleição aconteceu em setembro. Ainda tem bastante tempo. Uma semana ou 15 dias não vão fazer diferença.”
Mais tarde, já do lado de fora, Carla Cobalchini pediu a renúncia da atual bancada. “Não estão respeitando a decisão da categoria. O mínimo que deveriam fazer era renunciar, até que o recurso seja analisado.”
A assembleia aprovou que sejam tomadas medidas jurídicas para reverter a situação. Além disso, uma moção repudiou a atitude do reitor e a permanência da atual bancada de técnicos administrativos no Conselho.