Foi realizada ontem, dia 7, mais uma sessão do Conselho de Planejamento e Administração da Universidade Federal do Paraná (COPLAD). Entre os temas em pauta, o relatório que propôs o aumento na taxa do vestibular. Somente os representantes dos técnicos foram contra o acréscimo neste momento. A maioria dos conselheiros aprovou o encarecimento da taxa, que passou de R$ 120 para R$ 160.
“Não vivemos um momento adequado para aprovar este aumento. Vivemos uma grave crise política, econômica e social. A ampla maioria da população não teve reajustes salariais, o que inclui também os servidores das universidades. Além disso, a inflação está corroendo o poder de compra das pessoas”, argumentou a conselheira da bancada dos técnicos Mariane de Siqueira.
Para a representante dos servidores, a alegação de que a política de isenções da Universidade é parte dos custos não justifica o aumento. “Tão pouco o argumento de que no último concurso estava faltando lâmpadas nas salas e o Núcleo de Concursos teve de sair correndo substituí-las. Sabemos da necessidade de investir em equipamentos mais sofisticados para aprimorar a qualidade e segurança dos processos. Porém, o sucateamento das universidades por parte do governo federal não pode penalizar os estudantes, em especial, os mais necessitados”, afirmou.
Política de Isenção
Válida e legítima, a política de isenção de taxas é ainda insuficiente. “Pessoas que conseguem a isenção precisam comprovar que são absolutamente miseráveis, sequer sabemos se temos estudos sobre quantas destas pessoas isentas conseguem ser aprovadas no vestibular, sobre quantas passam e conseguem concluir o curso. Os critérios adotados no país para enquadramento social são complicados e sabemos que mesmo pessoas que não são classificadas conforme os critérios de miserabilidade enfrentam dificuldades para sobreviver com o mínimo do básico”, contextualizou Mariane.
A conselheira completa: “a situação do país está difícil e deveríamos buscar outros meios, como parcerias com o governo do Estado e prefeituras para ver outra alternativa que não seja o aumento da taxa. Isso é possível, eu tive isenção da taxa do ENEM através de subsídio do governo estadual do Paraná, que à época teve esta política. Se tivermos disposição, podemos buscar outra saída.”
Pagamento dos técnicos
A sessão do COPLAD abordou também a discussão sobre os valores pagos aos servidores técnicos para trabalhar em concursos, muito inferiores à remuneração paga aos docentes para as mesmas funções.
Para Mariane, “isso sim é preciso discutir”. “Não seria sequer necessário aumento de taxa para distribuir os recursos já existentes de maneira a promover remuneração justa para técnicos e docentes, visto que docentes recebem muito acima do que os servidores técnicos. Mas vejam, conforme relatório aprovado ontem, o aumento da taxa em questão não significará aumento nas remunerações para quem trabalhar no vestibular e demais concursos.”
No entendimento da direção sindical, a votação de ontem é um alerta para o conjunto da sociedade, em especial para os jovens que pretendem ingressar na UFPR. “Isso é um sinal de que a maioria dos conselheiros do COPLAD não está entendendo o momento difícil e perigoso que vivemos no país”, finaliza a conselheira.