“A esquerda classista não é o PT. Mas nós temos a esquerda classista dentro do coração. Não é porque alguns se venderam que todos vão se vender.” O recado foi dado na noite de sexta-feira, 08, por uma das novas coordenadoras-gerais do Sinditest-PR, Carmen Luiza Moreira, durante a cerimônia de posse da nova diretoria do sindicato. Ao todo, são 35 novos dirigentes, que estarão à frente da organização durante o triênio 2016-2018. “Não tenham medo, jamais percam a coragem. O sindicato jamais vai apoiar qualquer reitor, governador ou presidente que não esteja junto às reivindicações o povo”, continuou a coordenadora.
Carmen Luiza também lembrou a diversidade da nova diretoria do Sinditest-PR, composta em sua maioria por mulheres, mas que também inclui LGBTs e negros. “Eu sou uma trabalhadora negra e terceirizada. Nunca poderia estar aqui se ainda fôssemos um sindicato presidencialista. Lá, as mulheres se calavam.”
A cerimônia de sexta-feira contou com a presença de representantes da Fasubra, a federação que organiza os sindicatos dos técnicos administrativos de todo o país, e da CSP-Conlutas, a central sindical à qual o Sinditest-PR é filiado.
Ela também oficializou a saída do Sinditest-PR do regime presidencialista para a diretoria colegiada. Nas palavras da ex-presidente do sindicato, Carla Cobalchini (que continua na nova gestão, embora não na linha de frente): “Hoje estamos enterrando um projeto de sindicato burocrático e centralizador”.
Carla também lembrou aquela que foi “talvez a maior batalha que a UFPR já viu”, a luta de trabalhadores e estudantes contra a adesão do Hospital de Clínicas à Ebserh, a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares. “Hoje, mesmo com o hospital privatizado, os trabalhadores continuam se erguendo contra as injustiças. Reconhecem na direção do sindicato um instrumento de luta, porque nos viram lutar.”
Para a ex-presidente, outro ponto importante na trajetória da antiga diretoria aconteceu em 2015, durante o episódio que ficou conhecido como “batalha do Centro Cívico”, no dia 29 de abril. “Não podemos pensar em 2015 sem lembrar o que foi a luta contra o Governo Beto Richa (PSDB). Não poderíamos estar em outro lugar se não ao lado daqueles trabalhadores”, disse, lembrando a participação ativa do Sinditest-PR durante os protestos dos professores da rede estadual de ensino. “Não é o Parlamento, nem simplesmente o nosso voto, que vão resolver os nossos problemas. A classe trabalhadora é a nossa alternativa.”
Carlos Pegurski, da UTFPR, também um dos novos coordenadores-gerais, voltou ao tema. “Quem prendeu o Nicolas [Nicolas Pacheco, estudante preso pela Polícia Federal à época dos protestos contra a Ebserh] não é diferente de quem bateu nos professores”, comparou. Pegurski voltou a salientar a diversidade da nova diretoria. “Apesar de virmos de tradições de militância e organizações diferentes, é possível assinar embaixo do que cada um disse aqui. Porque não existe casuísmo.”
José Carlos de Assis, o últimos dos coordenadores-gerais a falar, rebateu as acusações que a última diretoria recebeu, de truculência e de pouca disposição para o diálogo. “Nós negociamos, sim. Mas não aceitamos nenhum direito a menos para o trabalhador. Aí, não tem conversa. Isso nós não aceitamos”, garantiu. “Nas eleições de novembro, nós vencemos uma chapa ligada à reitoria e outra ao governo federal. A classe trabalhadora votou em peso na gente. Ela quer um sindicato do trabalhador”, concluiu.
Além da nova diretoria, tomaram posse na sexta-feira os novos membros do Conselho Fiscal.
Sandoval Matheus,
Assessoria de Comunicação do Sinditest-PR.