Após o Programa de Gestão e Desempenho (PGD) entrar em nova fase na UFPR, a implantação do teletrabalho enfrenta uma tentativa de microgerenciamento por parte da alta cúpula da Universidade. O microgerenciamento consiste no controle excessivo de execução das demandas ou rotina de trabalho, prejudicando tanto as relações laborais quanto a qualidade das entregas. Refere-se ainda à prática de tomar para si o papel que não lhe cabe na gestão das atividades e, na maioria dos casos no serviço público, também está associada ao aumento do assédio moral.
Embora haja uma resolução aprovada em Conselho que regulamenta o PGD na UFPR, Diretores e Pró-Reitores estão tentando uniformizar o teletrabalho a partir da criação de normas em resoluções mais restritivas, que tampouco estão previstas na resolução geral da Universidade e do Governo Federal, como é o caso dos setores de Ciências Biológicas, Ciências da Saúde e Pró-Reitoria. Isso é inadmissível. Se essa situação persistir, a próxima assembleia do Sinditest-PR considerará uma resposta da categoria.
Enquanto Sindicato, entendemos a importância do planejamento e da promoção de instrumentos de mensuração que ajudem o gestor a acompanhar o trabalho. Reconhecemos como um mérito, por exemplo, o desenvolvimento de planilhas de acompanhamento e de outras iniciativas de unidades que estão procurando o melhor gerenciamento das atividades. Bem diferente é estabelecer micro regramentos para todas as coordenações e departamentos, desconsiderando suas particularidades.
Quem sabe quantos dias a equipe estará em teletrabalho e quem será selecionado para o PGD-T, bem como se o regime é parcial e integral, é quem gerencia as equipes, a chefia imediata. É ela quem conhece o funcionamento da unidade e deve elaborar o planejamento. Além de inaceitável e autoritário, o microgerenciamento é desrespeitoso por ferir o regramento existente e interferir na autonomia das equipes e chefias imediatas.
O gerenciamento de Diretores e Pró-Reitores em diálogo com suas chefias subordinadas para o estabelecimento de normas para as equipes é factível, desde que atendam a Resolução 16/22 do COPLAD. Assim sendo, cabe a esses gestores a solicitação às chefias de um mapeamento dos processos de trabalho, visto que as unidades ainda não possuem este levantamento formalizado, respeitando a autonomia destas, que precisam trabalhar nos seus planejamentos sem interferência.
As equipes e as chefias vivem no dia a dia a prática, mas isso não está mapeado. O teletrabalho precisa que as metas sejam bem estabelecidas para que também as entregas estejam em conformidade com o planejado.
Para a representação sindical, nenhum trabalho deve ser baseado na coerção. Evitar o microgerenciamento é fundamental para estabelecer um modelo de teletrabalho produtivo, saudável e que respeite a autonomia das unidades para aqueles que aderiram à modalidade.
A atual gestão da Reitoria tem prejudicado a autonomia e o exercício pleno das discussões, deixando de pautar temas relevantes e de valorizar deliberações via Conselhos, o que tem provocado um esvaziamento destes órgãos superiores. É preciso pôr freio nesta prática política na Universidade, pois estimula uma postura autoritária dos gestores das Direções, Superintendências e Pró-Reitorias.
O teletrabalho é uma modalidade do Programa de Gestão e Desempenho e é facultativo. Pela legislação, cabe à chefia imediata (e não as chefias mediatas) como gestores analisarem a sua pertinência ou não. Lembrando sempre que o atendimento presencial ao público deve ser garantido (parcial ou não).