O Sinditest-PR calcula que o grau de adesão à greve dos trabalhadores Funpar/HC foi de 80% nesta segunda-feira, 06, primeiro dia da paralisação. Os setores administrativos, onde se concentram a maior parte dos funcionários contratados via Fundação, foram os mais impactados. A Central de Agendamento, que funciona quase exclusivamente com esses trabalhadores, não abriu na manhã de hoje.
Os grevistas reivindicam um reajuste salarial de 20,16%, entre outros pontos, no acordo coletivo de trabalho 2016/2017. A pauta do movimento foi enviada à direção do HC da UFPR e à Funpar no dia 13 de abril. Até o momento, a contraproposta da comissão de negociação patronal é de 5,2%. No entanto, ela não foi oficializada, apenas indicada via telefone pelo advogado da Fundação Luiz Antonio Abagge.
Durante a manhã desta segunda, do lado de fora da Central de Agendamento, enquanto pacientes aguardavam a entrada em uma fila, os trabalhadores paralisados realizaram uma assembleia. Dentro da Central, todos os guichês de atendimento estavam vazios.
“É bom que a gente esteja aqui hoje, e que os pacientes do HC que esperam atendimento possam nos ouvir. Porque sempre que existe greve, há um movimento da direção do hospital e de parte da imprensa de colocar os grevistas contra a população, e isso não é verdade, nós não estamos contra a população”, afirmou o coordenador-geral do Sinditest-PR Carlos Pegurski. “Quando ficam doentes, os nossos familiares ficam nessa fila. Quando nós ficamos doentes, nós também ficamos. Nós não estamos contra o hospital. Mas, o filho do Zaki [reitor da UFPR], quando fica doente, vem no HC? O Abagge [advogado da Funpar], quando fica doente, vem no HC?”, questionou.
Conforme determina a legislação, o Sinditest-PR informou a direção do Hospital de Clínicas, via ofício, que os trabalhadores da Funpar entrariam em greve nesta segunda, 06, com 72 horas de antecedência. “Fazemos isso também para que o hospital possa avisar os pacientes, inclusive os que vêm do interior. Eles fazem isso? Não. Justamente para fazer vocês ficarem na fila e criar esse clima entre a gente”, ponderou Carmen Luiza Moreira, também coordenadora-geral do sindicato. “Mas eles, esses covardes, não estão passando o frio que a gente e vocês estão passando agora, viu, pessoal?”, emendou.
Durante a assembleia, uma paciente do HC, de Paranaguá, foi até o microfone para reclamar da atual gestão do hospital. De acordo com seu depoimento, hoje foi a terceira vez que ela teve um exame de raio-x adiado, por falta de materiais.
“Nós não estamos fazendo qualquer trabalho aqui. Não estamos carimbando papel. Estamos salvando vidas. Mas hoje tivemos que fazer uma escolha”, concluiu a diretora do Sinditest-PR Carla Cobalchini.
Grevistas não são recebidos
Os trabalhadores da Funpar/HC começaram a se concentrar em frente ao Hospital de Clínicas às 6h30. Após a assembleia do meio da manhã, eles desceram até a reitoria da UFPR, na tentativa de serem recebidos pelo reitor Zaki Akel Sobrinho. Lá, do lado de fora do prédio, foram informados que nem o reitor, nem o vice, Rogério Andrade Mulinari, estavam dando expediente no local, mas que seriam recebidos pelo superintendente do HC, Flávio Tomasich, às 10h30, se retornassem ao HC.
Os trabalhadores aguardaram no Hall da Direção do hospital pela reunião até as 11h15, quando se dispersaram. Amanhã, terça-feira, 07, há nova assembleia, no auditório do sétimo andar do anexo B do Hospital de Clínicas.
Sandoval Matheus,
Assessoria de Comunicação do Sinditest-PR