Não se passaram nem seis meses do governo Bolsonaro e ele está protagonizando um dos maiores ataques à educação pública da história do país. Com o corte de 30% na verba de manutenção e investimento das universidades federais, o próprio funcionamento das instituições está em risco. A Universidade Federal do Paraná (UFPR), por exemplo, pode não iniciar as atividades do segundo semestre devido à falta de recursos para questões básicas, como energia elétrica, limpeza e segurança.
Para justificar tantos ataques à educação brasileira, o Governo Federal está disseminando uma série de mentiras. Algumas delas são profundamente desrespeitosas com os trabalhadores que se dedicam a mantê-las, como a declaração do ministro da Educação, Abraham Weintraub, de que as universidades servem para promover “balbúrdia”, e que professores e estudantes deveriam ser responsáveis por fazer a limpeza das instituições.
O desrespeito vai além e atinge o nível da baixaria. Durante a mobilização contra os desmontes da educação, o presidente da República xingou os estudantes de “idiotas” e “imbecis”. Em outros momentos, o discurso oficial do governo também deu a entender que o país gasta demais com os cursos de Humanas e que as universidades são ocupadas apenas por uma elite privilegiada das grandes cidades.
Neste texto, o Sinditest-PR lista contrapontos a essas e outras justificativas e escancara as mentiras do Governo Federal. Confira:
Cortar nas universidades para investir na educação básica
Depois de cortar um terço da verba de manutenção das universidades federais, o governo Bolsonaro alegou que a prioridade seria o investimento em educação básica. Aqui está uma das maiores mentiras: o Ministério da Educação (MEC) congelou R$ 2,4 bilhões dos níveis básicos, precarizando não só o ensino superior, mas todas as etapas da educação brasileira.
Universitários são elites dos grandes centros?
Para tentar justificar a proposta de corte no orçamento de cursos de Sociologia e Filosofia, Jair Bolsonaro declarou que grande parte dos universitários pertence a uma elite “já muito rica”. A Pesquisa do Perfil Socioeconômico dos Estudantes das Universidades Federais em 2018, realizada pela Andifes, mostra justamente o contrário.
Dois em cada três estudantes das universidades federais (cerca de 70%) possuem renda familiar média de 1,5 salário mínimo, desmontando também o argumento de que a maioria os universitários teria dinheiro para arcar com mensalidades nas instituições públicas.
Além disso, o Censo da Educação Superior de 2017 revelou que as universidades públicas são as mais presentes no interior, principalmente nas regiões Norte e Nordeste. Por seguirem a lógica do lucro, as instituições privadas escolhem investir em grandes centros, e não em cidades de pequeno e médio portes. Já as federais são responsáveis por democratizar o acesso ao ensino superior.
O Brasil gasta demais com educação?
Na verdade, não. Proporcionalmente ao orçamento, o investimento do Brasil em educação é parecido com o do Chile e da Colômbia, por exemplo. Já em relação aos países mais ricos, é natural que a proporção dos gastos do Brasil seja maior, já que o Produto Interno Bruto (PIB) de nações como os Estados Unidos é quase 10 vezes maior que o brasileiro. Ou seja, os países mais ricos podem dedicar uma parcela menor do PIB para a educação que mesmo assim representará valores muito maiores do que os aplicados pelo Brasil.
O gasto com os universitários é exagerado?
Nesse ponto, o Governo Federal novamente age com má-fé. É natural que o investimento em universidades seja superior ao de outros níveis, já que se trata de área técnica e especializada. O que o presidente trata como uma “desigualdade” é, na verdade, um cenário normal: os países que mais investem em educação no mundo também gastam consideravelmente mais nas universidades do que na educação básica.
Além disso, esse discurso esconde o problema real, que é o baixo investimento em educação básica. Ou seja, a saída não é cortar das universidades, e sim investir mais nos níveis básicos.
Fonte: Sinditest-PR