Nesta quinta-feira (10), dia em que se completa um ano da entrega do Relatório Final da CNV (Comissão Nacional da Verdade) à Presidência da República, o Fórum de Trabalhadores e Trabalhadoras por Verdade, Justiça e Reparação realiza uma série de audiências com representações do governo. Entre as reivindicações está a defesa da continuidade dos trabalhos desta comissão.
Pela manhã, às 10h30, será realizada uma audiência com Marivaldo de Castro Pereira, Secretário Executivo do Ministério da Justiça, e Claudinei Nascimento, da Comissão de Anistia.
Logo em seguida, também haverá uma reunião no Palácio do Planalto, com Olavo Noleto, secretário de assuntos federativos da Presidência no Planalto, em que também será protocolado um documento com as reivindicações do Fórum de Trabalhadores.
À tarde, essas representações vão tentar viabilizar uma audiência com o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Luiz Fux, sobre o julgamento da ADPF 320, que pede a reinterpretação da Lei da Anistia, e protocolar um documento à ser entregue à pasta.
O dirigente da CSP-Conlutas, Magno Carvalho, que também compõe o Fórum de Trabalhadores e Trabalhadoras por Verdade, Justiça e Reparação destacou que essas representações vão encaminhar uma série de exigências às esferas governamentais. ” Exigimos a responsabilização e punição aos torturadores que cometeram crimes na ditadura. Também reivindicamos que as empresas sejam punidas. É preciso celeridade no processo de reparação aos trabalhadores que foram perseguidos na ditadura, queremos justiça”, destacou o dirigente.
Sobre a criação do Fórum de Trabalhadores
No relatório entregue à CNV consta a relação direta de empresas nacionais e multinacionais com os órgãos da repressão e a importância do papel da classe trabalhadora na luta contra a ditadura. As pesquisas realizadas por um dos grupos de trabalho da CNV, “Ditadura e repressão aos trabalhadores, às trabalhadoras e ao movimento sindical” trouxe a classe trabalhadora e suas organizações para o centro dos debates sobre verdade, memória, justiça e reparação.
Apesar das grandes descobertas feitas pela CNV, inclusive com a colaboração direta do movimento sindical no caso do Grupo dos Trabalhadores, a investigação de resgate da memória da ditadura civil-militar e de descoberta da verdade está longe de ser finalizado.
No campo do movimento operário, por exemplo, ainda resta muito a ser feito para o apontamento das empresas que reprimiram trabalhadores em conluio com o Estado, na tentativa de impedir movimentos reivindicatórios e greves.
Também houve pouco avanço no campo da reparação: no campo individual, a Comissão da Anistia continua morosa e pouco transparente em seus critérios de julgamento; no campo coletivo, não houve praticamente nenhuma iniciativa.
Por este motivo, após o término dos trabalhos da CNV o grupo de trabalho se transformou no Fórum de Trabalhadores e Trabalhadoras por Verdade, Justiça e Reparação para continuar as investigações.
Entre as iniciativas já foi dada a entrada de uma representação no Ministério Público Federal, documentada, das relações da Volkswagen com os órgãos de repressão a responsabilidade da empresa em graves violações de direitos humanos contra trabalhadores.
Fonte: CSP-Conlutas