Na última semana presenciamos com profunda indignação, mais um exemplo do machismo e misoginia que persistem em enraizar-se em nossas instituições e, por consequência, na sociedade. Durante a sessão da CPI do MST, realizada na quinta-feira (03), o deputado Zucco (Republicanos) lançou uma atitude vergonhosa contra a deputada Samia Bonfim (PSOL), evidenciando, mais uma vez, a urgência do nosso combate conjunto contra a discriminação e desigualdade de gênero.
A fala dirigida à deputada Samia, insinuando que ela precisaria de um “remédio ou hambúrguer” para acalmar-se, é um claro reflexo de um ambiente profundamente hostil e desigual. Este ataque misógino não é um incidente isolado, mas sim uma manifestação da estrutura machista enraizada em nossa sociedade.
Seja na política, no trabalho ou na vida cotidiana, mulheres enfrentam rotineiramente ambientes que minimizam suas vozes, subestimam suas capacidades e desrespeitam sua dignidade.
Os números falam por si. Em 2022, apesar de representarem mais da metade do eleitorado brasileiro, apenas 18% das mulheres foram eleitas conforme dados apresentados na plataforma TSE Mulheres. A alarmante disparidade de gênero reflete-se não apenas no cenário político, mas também nos postos de liderança, sejam eles em instituições públicas ou privadas. A desigualdade se estende ao mercado de trabalho, onde as mulheres ainda recebem salários inferiores e enfrentam barreiras para progredir em suas carreiras, apesar de sua competência.
As injustiças são ainda mais acentuadas quando se consideram fatores interseccionais, como raça, maternidade e deficiência. O preconceito múltiplo e as discriminações combinadas amplificam as dificuldades enfrentadas por mulheres, reforçando a necessidade urgente de uma mudança abrangente e significativa.
Como sociedade, temos a obrigação de questionar e desafiar esses padrões prejudiciais. Devemos trabalhar coletivamente para criar um ambiente onde todas as vozes sejam ouvidas e respeitadas, apesar do gênero, raça, orientação sexual, entre outras características. O progresso não pode mais ser adiado. É hora de uma transformação profunda e duradoura.
A luta contra a discriminação e a desigualdade de gênero é de responsabilidade de todos nós. Devemos nos unir para criar um mundo em que todas as mulheres possam prosperar, expressar-se livremente e ocupar cargos de destaque sem medo de serem diminuídas ou desrespeitadas. A mudança começa com a conscientização, o diálogo e o comprometimento de cada indivíduo em ser parte ativa na construção de um futuro mais justo e igualitário para todas e todos.
Que a atitude repugnante que presenciamos seja um lembrete constante da urgência de nossa missão: uma sociedade verdadeiramente inclusiva e igualitária, onde a dignidade, o respeito e a oportunidade sejam acessíveis a todos, independentemente do gênero.
Atenciosamente,
Melissa Vicentini e Diego Medeiros
Coordenação de combate a opressões
Sinditest/PR