O Auditório de Administração do Centro Politécnico da Universidade Federal do Paraná (UFPR) lotou hoje (6), durante Assembleia da categoria, quando os docentes decidiram pela adesão à greve nacional das Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes).
“Nós entendemos que é importante que os professores de uma universidade grande como a nossa façam adesão à greve nacional – que está ocorrendo há cerca de dois meses e com motivos bastante justos, tanto na questão salarial como de data-base e, principalmente, nas questões de defesa da educação pública e de qualidade”, afirmou a presidente da Associação dos Professores da Universidade Federal do Paraná (APUFPR-SSind), Maria Suely Soares.
Os docentes votaram em peso pela aprovação da greve, uma vez que os campi sofrem há tempos com a falta de investimentos e agora têm sentido mais plenamente os impactos do ajuste fiscal do governo federal.
Durante a Assembleia, docentes relataram o descaso do governo com a educação e os impactos dos cortes de recursos, que já somam cerca de 10 bilhões a menos para o Ministério da Educação (MEC), enquanto mais de 5 bilhões estão sendo destinados às instituições privadas por meio do Programa de Financiamento Estudantil (Fies). Em todo o país, 67 instituições já estão paralisadas.
Conjuntura
A “Pátria Educadora” tem se mostrado desinteressada pela educação – que tem sentido a precarização em todos os níveis. Além dos cortes na pasta, o programas como o Ciências sem Fronteiras (CsF), Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid), e pós-graduações já sofreram encolhimento de recursos.
Os docentes não são os únicos que estão sofrendo com o ajuste fiscal do governo. Neste ano, na própria UFPR, alunos bolsistas recebiam o auxílio com até uma semana de atraso – mesmo sendo essencial para sua permanência na Universidade.
O Restaurante Universitário (RU) e as bolsas de auxílio também tiveram problemas. Arroz e feijão no cardápio, estruturas precárias e atrasos de seis meses nos pagamentos foram alguns dos problemas enfrentados – isso só no primeiro semestre.
“A gente já tinha uma ideia que tinha aumentado a insatisfação na UFPR. Isso é fruto de um conjunto medidas que o governo que tem implementado e que coloca os docentes em uma situação que não pode continuar. A solução agora é esse reforço nacional para forçar o governo a fazer uma proposta efetiva tanto da parte salarial quanto de estrutura e condições de trabalho”, afirmou o vice-presidente da APUFPR-SSind, Luis Allan Kunzle.
Pauta
Seguindo a pauta nacional da greve das Ifes, as principais reivindicações visam a defesa da universidade pública e de qualidade, isso inclui exigir do MEC compromissos efetivos no gerenciamento da educação e contra sua a mercantilização.
Nesse sentido, os docentes também exigem a reversão nos cortes dos orçamentos e garantia de investimentos.
Quanto às condições de trabalho, a categoria exige a ocupação de cargos existentes e criação de novas vagas para atender às demandas atuais, com cronograma de realização dos concursos.
Infraestrutura também entra nesse tópico, uma vez que os docentes têm enfrentado falta de materiais e instalações para garantir uma educação de qualidade.
Os docentes também pedem a garantia da autonomia, com rejeição ao Projeto de Lei Complementar (PLC) 77/2015, reestruturação da carreira e valorização e equiparação dos salariais de ativos e aposentados.
“Nesse momento, em que o semestre ainda não começou, eu acho muito positivo e favorável esse início de greve, porque por mais que ela se prolongue não vai prejudicar o conteúdo dos alunos. Então vai ser positivo a gente agregar o movimento que já está funcionando e mostrar que nós aqui no Paraná continuamos sempre interessados no bem da Universidade e da sociedade”, afirmou o professor do setor de tecnologia, Camilo Borges Neto.
Próximos passos
Ainda amanhã (7), a partir das 16h, na APUFPR-SSind será instalado o Comando Local de Greve (CLG) que conduzirá as atividades da categoria durante o período de greve.
Cumprindo as 72h, os docentes da UFPR iniciam a paralisação a partir das 18h da próxima terça-feira (12).
A APUFPR-SSind estará durante toda essa mobilização informando os docentes sobre as negociações com o governo, pauta local e conjuntura política.
Fonte: APUFPR-SSIND