Diretas Já: por que defender e o que nosso sindicato tem a ver com isso?

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*Por Carlos Pegurski

Nos últimos anos, o SINDITEST se credenciou como um dos sindicatos mais combativos do Paraná. Além de garantir os combates mais imediatos da carreira e das instituições em que trabalhamos (salário, 30h, saúde e educação públicas, democratização da Universidade), somos hoje uma referência para lutadores e lutadoras do estado todo, impulsionando os demais movimentos. Acertamos ao entender que ter vitórias nas pautas mais imediatas só será possível com o avanço das/os demais trabalhadoras/es.

Durante a maior parte do período, isso significou dar batalha contra as políticas do governo petista e contra a então “ala governista” dentro do movimento sindical, que fazia vistas grossas aos acordões espúrios e aos casos de corrupção, aos investimentos privados em detrimento dos públicos, ao arrocho salarial, à continuidade de pagamento da dívida pública – enfim, aos problemas que nos fazem crer que um governo de conciliação não oferece saída para as/os trabalhadoras/es.

O significado do golpe

Esse cenário ficou ainda pior. Apesar de não avançar em reforma agrária, na democratização dos meios de comunicação e em outras pauta estruturais da sociedade, a crise que se aprofunda desde 2008 tem endurecido os “de cima” ao ponto de entender que até mesmo o marco petista significava concessões demais às/aos trabalhadoras/es. Esse é o significado do impeachment e da manutenção na presidência do setor político mais conservador, que ilustra como a política brasileira, da presidência da república ao Congresso espúrio, não passa de marionetes dos setores financeiros.

Mas, afinal, o que querem os “de cima”? Qual seu projeto para o país? Contra o que estamos lutando?

O melhor termômetro para responder essas perguntas é a mídia tradicional. Nos editoriais dos jornais e sobretudo na televisão, que é onde a maior parte da classe forma sua opinião sobre os acontecimentos, há divergência no melhor caminho, mas há consenso no conteúdo: devido à crise, é urgente aprovar as reformas trabalhista e da previdência. Ou seja, tratamos a doença com mais veneno. É a mesma saída de sempre, que passa por garantir mais recursos para o setor privado enxugando o setor público (privatizações, ajuste nas verbas sociais) e retirando direitos das/os trabalhadoras/es (terceirização, desmonte da previdência etc).

Esse é o significado do golpe: incapaz de articular o ajuste na velocidade e na intensidade exigidas, embora tenha se esforçado para tanto, o petismo deu lugar a um governo igualmente corrupto e ainda mais conservador. A fórmula da direita tem sido aplicada com rapidez e à custa de muita repressão sobre os movimentos sociais, em um projeto totalmente diferente do aprovado nas urnas, com o respaldo de um judiciário eletivo.

Podemos barrar Temer e as reformas!

Os patrocinadores das reformas têm enfrentado dificuldade para aprová-las devido ao desgaste do governo, sobretudo após as últimas denúncias envolvendo Temer e a JBS. Surgem inúmeras denúncias ligadas ao gabinete presidencial e o cerco se fecha sobre Temer, que agoniza enquanto novos acordos palacianos tentam articular um acordo por dentro do seu governo ou via eleições indiretas.

O governo corrupto e ilegítimo e o judiciário à serviço dos “de cima” só não são mais degenerados que o parlamento. Trata-se de uma corja que justifica o asco que a população sente hoje pelos políticos. Deixaremos que seja o Congresso a escolher o futuro do país, a começar pela presidência, em eleições indiretas? Nossa vida será definida em mais acordões nebulosos? Ou exigiremos eleições diretas, para que o povo decida quem será o próximo presidente e renove também o próprio Congresso?

As Diretas Já! tem sido o centro da mobilização das/os trabalhadores/as, ao ponto de colocar crise nos “de cima” quanto à manutenção de Temer na tentativa de costurar uma saída controlada em eleições indiretas, por dentro da podridão do Congresso. Após um período longo de fragmentação e inércia do campo sindical, a necessidade de relocalização de parte das direções e a pressão massiva das bases indignadas com as reformas fez retornar a centralidade das lutas nesse eixo. É isso que explica a jornada de lutas dos dias 15 de março, 28 de abril e a nova greve geral agendada para o dia 30 de junho.

Os sindicatos de conjunto devem assumir o protagonimo dessa etapa e girar todas as suas forças para a Greve Geral do dia 30 de junho de forma a barrar as reformas e acumular forças para tirar Temer! Queremos que o povo decida nas ruas seu destino em eleições diretas, com uma pauta alternativa ao ajuste sobre as/os trabalhadoras/es e às políticas conciliação. Só assim avançaremos nas pautas de interesse da população que trabalha de sol a sol e quer manter os direitos já tão precários de se aposentar, ter carteira assinada e o mínimo de dignidade.

**Carlos Pegurski é técnico administrativo na UTFPR e um dos coordenadores-gerais do Sinditest.

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