Desrespeito e Autoritarismo Contra TAEs, Docentes e Discentes

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Desrespeito e Autoritarismo Contra TAEs, Docentes e Discentes na UNILA

 

Na última sexta-feira, 09 de agosto, três cartas de repúdio a ações da Reitoria da UNILA circularam pelas redes da universidade. Seguindo a mesma postura que tem adotado desde o início de seu mandato, a gestão da Unila, de forma autoritária e desrespeitosa atacou desta vez não só a categoria TAE, mas também docentes e discentes.

Em dezembro do ano passado, durante uma sessão do Conselho Universitário (CONSUN), a Reitoria da UNILA “tratorou” uma reforma administrativa que criou uma prefeitura universitária, eliminando a Secretaria de Implantação do Campus (SECIC), em plena retomada das obras do campus Niemeyer. Além disso, enfraqueceu a Pró-reitoria de Administração, Gestão e Infraestrutura (PROAGI) e também a Pró-reitoria de Extensão (PROEX). Mesmo sob forte mobilização e protesto dos servidores da Secretaria de Apoio Científico e Tecnológico (SACT), SECIC e PROEX, a época, a gestão, de forma frequentemente desrespeitosa e irônica em declarações públicas no conselho e também postagens nas redes sociais, ignorou reiteradamente as demandas da categoria TAE, que continua sendo negligenciada. A disputa em torno do Programa de Gestão e Desempenho (PGD) durante a greve nacional dos TAEs é mais um exemplo destas ações contra a nossa categoria.

Agora, os alvos dos ataques são os servidores da Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PRPPG). Além de impor uma mudança administrativa, que acaba com a Divisão de Iniciação Científica, sem diálogo adequado com a equipe técnica, na semana passada, os servidores da PRPPG foram informados abruptamente que seriam realocados para outro campus da UNILA. Na tarde de quinta-feira, a gestão da PRPPG informou que mudaria na próxima segunda-feira para o Edifício das Águas no PTI, novo local ocupado pela Reitoria da UNILA, e que o restante da equipe mudaria nos próximos dias para o bloco 4 do PTI. A notícia pegou todos de surpresa.

A UNILA, que há tempos enfrenta problemas estruturais devido à falta de um campus próprio, continua submetendo seus servidores a constantes mudanças em espaços precários. Em dezembro de 2022, a gestão da universidade desocupou um prédio alugado na Vila A, que acomodava cerca de 300 servidores, considerando a implantação do Programa de Gestão e Desempenho (PGD), por falta de espaço físico e condições adequadas de convivência nestes espaços. A gestão atual da UNILA vinha atacando sistematicamente o programa, e conseguiu, mesmo após muita luta e resistência da categoria TAE, aprovar uma nova regulamentação que descaracteriza o programa, impondo uma presencialidade incompatível com os objetivos dessa modalidade de trabalho, em uma instituição que não consegue prover um espaço com condições mínimas de alimentação, transporte, localização, etc. Em protesto, a equipe da PRPPG publicou um manifesto de repúdio no qual afirma que será solicitada a remoção coletiva da unidade, caso o problema não seja resolvido com diálogo.

No mesmo dia, o Centro Acadêmico de Ciências Econômicas publicou uma nota de repúdio à retirada do laboratório de informática do Campus Integração, utilizado pelos estudantes. Segundo a nota, os alunos repudiam “o modo baixo e rasteiro” como a Reitoria da UNILA retirou esse espaço essencial para o desenvolvimento acadêmico e solicitam a reversão imediata da decisão. Os alunos também criticam a omissão da direção do Instituto ILAESP, que não defendeu o espaço de maneira contundente e eficaz.

Na mesma semana, os docentes do Ciclo Comum de Estudos e da área de Letras e Linguística da UNILA foram informados, por meio de processo administrativo, sobre mais uma mudança imposta pela Reitoria. A reforma administrativa do Instituto Mercosul de Estudos Avançados (IMEA), que visava criar um “Centro de Idiomas” e integrar o Ciclo Comum Estudos ao instituto, foi realizada sem diálogo prévio com todos os docentes envolvidos. Embora a coordenação do IMEA tenha inicialmente conduzido o processo de forma democrática e transparente, após a Reitoria assumir o controle da reforma em março deste ano, tudo mudou. A minuta do novo regimento do IMEA foi significativamente alterada, e a nova versão seria submetida ao Conselho Universitário de forma relâmpago, como tem sido a prática da atual gestão. Na sexta-feira, 38 docentes da área de Letras e Linguística da UNILA assinaram um manifesto contra a atitude da Reitoria, que foi lido na Assembleia da Associação Brasileira de Hispanistas.

Os ataques, contudo, não param por aí. Na reunião do Conselho Universitário de 29 de julho, os conselheiros TAEs tentaram propor alternativas à indicação da gestão para a chefia da Auditoria Interna da UNILA – AUDIN, que sugeria um servidor sem conhecimento técnico para o cargo, em descumprimento à Portaria 2737/17 da CGU que regulamenta o provimento deste cargo. O principal argumento da Reitoria era que o ocupante do cargo deveria ser “simpático” à gestão, e que, entre os servidores capacitados na universidade, não havia ninguém que se enquadrasse ao perfil.

Mesmo após a apresentação da relatoria de nossos representantes TAEs no CONSUN, os demais membros aprovaram o nome escolhido pela Reitoria sob a justificativa de que era “apenas” uma indicação, jogando para a CGU a total responsabilidade sobre a decisão final. Vimos nesta última sessão do Conselho Universitário toda uma discussão sobre o cumprimento e respeito às normas da universidade, para justificar/encobrir o descumprimento de uma normativa básica da CGU, feita justamente para assegurar uma indicação técnica para o cargo, e não exclusivamente política.

A postura da Reitoria da UNILA, marcada pelo desrespeito e pela falta de diálogo com a comunidade acadêmica, reflete um padrão de governança autoritário e alheio aos princípios democráticos e de transparência que deveriam reger a universidade. É fundamental que a comunidade continue a se mobilizar e resistir a esses ataques, em defesa de uma gestão mais justa, transparente e comprometida com os interesses de todos os segmentos da universidade.

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