Oito homens no mundo detêm a mesma riqueza que os 3,6 bilhões mais pobres
Apenas oito homens no mundo inteiro detêm um patrimônio equivalente ao da metade mais pobre do globo. A conclusão é do estudo “Uma economia para os 99%”, da ONG Oxfam, divulgado no último dia 16.
Desde 2015, 1% da população detém mais riqueza que todo o resto do planeta. O estudo mostra que, mais rápido que nunca, os(as) ricos(as) estão ficando mais ricos, e os(as) pobres, mais pobres. Nos Estados Unidos, uma pesquisa recente realizada pelo economista Thomas Pickety revela que, nos últimos 30 anos, a renda dos(as) 50% mais pobres permaneceu inalterada, enquanto a do 1% mais rico aumentou 300%.
Dos dados, conclui-se que o crescimento econômico tem ocorrido no sentido de beneficiar os(as) mais ricos e manter os(as) mais pobres em sua situação de marginalização social. E as consequências do acirramento da desigualdade são catastróficas: sensação de insegurança, aumento da criminalidade e fracasso de iniciativas de combate à pobreza.
Por que os(as) ricos(as) ficam ricos(as)?
Meritocracia? Esforço e dedicação? Empreendedorismo? Que nada. A riqueza é, na maioria das vezes, hereditária. De acordo com o estudo, nos próximos 20 anos, 500 pessoas passarão mais de 2,1 trilhões de dólares para herdeiros(as). A soma é maior que o Produto Interno Bruto (PIB) da Índia, por exemplo, que tem mais de 1,2 bilhão de habitantes.
Além das heranças, as alianças promíscuas com os governos contribuem para a conservação das riquezas nas mãos de poucos(as). Os(as) capitalistas barganham isenções fiscais em troca de “geração de emprego”, promovendo a concorrência entre países na oferta de incentivos e tributos mais baixos.
Sonegação
“As alíquotas fiscais aplicadas a pessoas jurídicas estão caindo em todo o mundo e esse fato – aliado a uma sonegação fiscal generalizada – permite que muitas empresas paguem o menos possível em impostos”, afirma o documento.
Os(as) grandes empresários(as) financiam campanhas políticas e cobram os favores de volta aos(as) eleitos(as). À parte, há a atividade de lobby e, de forma mais indireta, o financiamento de centros de estudos e universidades para que produzam pesquisas que favoreçam o mercado – um claro exemplo é o da indústria farmacêutica.
Exploração da classe trabalhadora
Outra estratégia perversa é utilizar o trabalho análogo à escravidão para manter os custos corporativos baixos. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima que 21 milhões de trabalhadores(as) forçados(as) geram cerca de 150 bilhões de dólares em lucros para empresas, todos os anos.
Solução
Para o coordenador de Formação Política e Sindical do Sinditest Bernardo Pilotto, esse nível crescente de desigualdade só pode ser diminuído com políticas que redistribuam a riqueza. “Isso quer dizer cobrar mais impostos dos mais ricos, das maiores propriedades etc. Foi dessa forma que alguns países diminuíram a desigualdade, o que também fez diminuir os índices de violência. Infelizmente, temos caminhado na contramão disso”, analisa.
Foi para mudar esta realidade que, historicamente, os(as) trabalhadores(as) reivindicaram a cobrança de impostos como o Imposto das Grandes Fortunas e o IPTU progressivo, conta o coordenador. “E, considerando que temos um Congresso Nacional e as demais esferas dominadas por uma elite econômica e por seus representantes, isso só é possível com muita luta da classe trabalhadora.”
Clique aqui e confira esta e outras matérias da última edição do Jornal do Sinditest-PR.