#ConsciênciaNegra: Pretos e pardos são apenas 16% dos TAEs da UFPR

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UTFPR e UNILA não disponibilizam dados étnicos de seus servidores em seus portais

Um estudo conduzido pela organização não governamental República.org trouxe à tona disparidades raciais no serviço público federal brasileiro. Além da evidente sub-representação, as servidoras e os servidores negros – aproximadamente 35,09% da força de trabalho do Executivo — enfrentam salários inferiores em comparação com seus colegas brancos, revelou a análise baseada nos dados do Sistema Integrado de Administração de Pessoal (Siape) de 2020.

De acordo com a pesquisa, no escalão mais alto da hierarquia, o de direção e assessoramento superior de nível 6 (DAS-6), apenas 14,58% dos cargos são ocupados por pretos e pardos. Além disso, a desigualdade de gênero acentua a situação, com mulheres negras recebendo, em média, 33% a menos do que homens brancos em cargos similares.

Racismo estrutural nas Universidades da base

Dados de outubro deste ano, fornecidos pela Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas da Universidade Federal do Paraná, demonstram que a assimetria entre brancos e negros também é um problema a ser combatido na instituição.  Dos 3.212 técnicos administrativos em educação lotados na UFPR, 401 são pardos e apenas 122 pretos – ou seja, 16% do total de trabalhadores e trabalhadoras. Servidoras e servidores que se autodeclararam brancos representam mais de 80% do quadro.

Fabiana Costa Rabello, analista de TI (AGTIC)

“Eu como mulher preta, digo que este é um ambiente que ainda tem um racismo estrutural muito forte, com muitas situações de racismo, misoginia e machismo com mulheres negras”, afirma Fabiana Costa Rabello, analista de TI, lotada na AGTIC.

Para a servidora, que atua também nas bancas de heteroidentificação, a promoção de ações institucionais de conscientização da comunidade acadêmica acerca destas questões é insuficiente na UFPR.

 

“Falta interesse de reconhecer que existem estas situações e de promover meios de denúncia e punição, além de acolhimento das pessoas negras para que elas se sintam parte desta comunidade. É preciso fortalecer a SIPAD para que se tenha um ambiente de mais acolhimento, políticas/programas sociais, de saúde, de permanência, para entender as dificuldades delas, as carências deste público e como podem ser supridas”, explica.

“Infelizmente a UTFPR e Unila não disponibilizam dados étnicos dos servidores nos sites, e isso só evidencia que não há interesse em desenvolver políticas e enfrentar esta questão nas instituições”, declarou a coordenadora Melissa Vicentini. 

Política de Cotas

Na última semana, o Governo sancionou algumas alterações na Lei de Cotas, como a inclusão de quilombolas, redução da renda familiar, prioridade para os cotistas no recebimento do auxílio estudantil e a extensão das políticas para a pós-graduação. No entanto, ainda há um longo caminho a percorrer para mudar a configuração racial das universidades públicas, tornando-as mais plurais e parecidas com a composição da população brasileira. 

“Vi com muito entusiasmo o interesse desta revisão, que agora será feita a cada 10 anos. Acredito que vai ter um aumento da diversidade e da inclusão”, destacou Fabiana.

Para a direção do Sinditest-PR, a promoção da igualdade racial, a transparência institucional e o fortalecimento das políticas de ação afirmativa emergem como passos essenciais para transformar essa realidade e construir um serviço público verdadeiramente inclusivo e representativo.

“É importante discutirmos essas questões não apenas no mês de novembro, mas que essa seja uma preocupação constante das nossas Federações, Sindicatos e de todos aqueles envolvidos na formulação de políticas públicas. É vergonhoso pensarmos que somos a maioria da população e a minoria do funcionalismo. Pior do que isso, a maior parte dos negros no serviço público estão em cargos de niveis mais baixos, sendo que continuam como ‘mão de obra barata’ enquanto os cargos com melhores provimentos e de tomada de decisão são embranquecidos, o que escancara o racismo institucional que precisa ser combatido urgentemente atráves de politicas públicas mais eficientes”, afirma o coordenador Diego Medeiros. 

Na UFPR, técnicas e técnicos administrativos em educação enfrentam entraves para atuar nas bancas de heteroidentificação que são abertas durantes processos seletivos promovidos pelo Núcleo de Concursos (NCUFPR).

“Uma coisa que eu venho discutido com o Sindicato é com relação a presença dos servidores como membros destas bancas. É preciso interesse da Universidade de entender a importância da participação dos servidores neste processo. É necessário ter uma sensibilização, uma conversa com essas chefias que impedem a atuação dos servidores nas bancas e, consequentemente, impedem a diversidade dentro da universidade. É uma questão que precisa ser discutida e levantada”, pontuou a técnica da AGTIC.

Entre as dificuldades relatadas, os TAEs sofrem com questionamentos das chefias quanto à participação nas bancas e falta de liberação, motivada, muitas vezes, pela descrença na política, e até mesmo para evitar o acúmulo de atividade devido à falta de pessoal. 

 

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