O Cine Feminista abriu o segundo dia de paralisação e o terceiro da de mobilizações da Jornada Nacional de Luta na base do Sinditest. O filme exibido nesta manhã (09) se baseia na história real de Norma Rae, uma operária da indústria têxtil dos Estados Unidos, que no final da década de 70, encabeçou uma luta dentro da fábrica contra a exploração do trabalho através do movimento sindical.
Ao final da exibição os participantes debateram e refletiram a realidade que as mulheres, em particular, enfrentam no mercado de trabalho e os ataques que o conjunto da classe trabalhadora vem sofrendo com as MPs 664 e 665 e com a tramitação do PL 4330, que pretende institucionalizar o trabalho terceirizado em todo o Brasil.
O filme Norma Rae mostra condições de trabalho degradantes. Um dos momentos mais simbólicos é quando a líder operária desliga a máquina e sobe nela para chamar atenção dos colegas de trabalho para a situação inaceitável. Carlos Pergurski, coordenador do Sinutef – UTFPR/Curitiba, ressaltou que a situação é um claro exemplo ainda hoje para os trabalhadores, pois são eles que têm que ter consciência do poder que têm, são os trabalhadores que fazem o mundo do trabalho acontecer. “A nossa luta é para que um paralise a máquina pelo outro. O que a gente está fazendo hoje aqui? Está paralisando as máquinas (de forma figurada por que a gente não trabalha em fábrica) pra ter condição de conversar sobre a nossa realidade e o sindicato existe pra isso”.
Carmem Luiza Moreira, diretora do Sinditest, advertiu sobre o papel politizador que o sindicato tem que assumir para buscar avanço e consciência junto com todos os trabalhadores. “Quando gente fala hoje em greve é preciso unificar as lutas, em todos os momentos, por moradia, por saúde, educação, por melhoria de salário… De fato a gente só vence na luta quando dentro do sindicato a gente está politizando, quando a gente está debatendo o que é importante pra nossa vida, se a gente quer mudança de que forma a gente vai mudar e por onde começar… E é unificando as lutas, todas elas”.
Para servidora Cássia Guimarães umas das reflexões sobre a película é de que há inúmeras dificuldades na organização dos trabalhadores, mas desistir não é o caminho. “São lições pra gente ver o quanto os patrões estão sempre criando estratégias de fato pra gente não se organizar, não se mobilizar. A gente é educado desde criança na escola pra tomar conta da nossa vida, não fazer nada, mas a gente precisa enfrentar”, completa Cássia.
O PL 4330 é uma ameaça para todos os setores da classe trabalhadora!
Ontem (08) a Câmara dos Deputados aprovou por 324 a favor e 137 contra o texto geral que regulariza e amplia para atividades fim o trabalho terceirizado no país. (Veja AQUI quem votou contra e quem votou a favor). Um levantamento feito pelo DIEESE em 2010 aponta que em média os terceirizados recebem 27% menos que os trabalhadores com contratos diretos, sendo que a jornada semanal dos terceirizados é quase 10% maior.
Carla Cobalchini, diretora do Sinditest alertou que hoje os terceirizados já são 30% dos trabalhadores e caso ocorra a aprovação do PL4330, que após alteração dos destaques seguirá para o Senado, esse percentual pode chegar a 80%, 90%, o que representa um desmonte fatal de direitos da classe trabalhadora. Carla alerta: nossa profissão de técnicos-administrativos nunca foi considerada atividade fim, nós sempre fomos as pessoas que “auxiliam no processo educacional”, a gente é “equipe de apoio” e a gente não entendeu ainda que nós já passamos por muita terceirização e agora o risco é de 100%, pode ser o fim da carreira! Por que vão abrir concurso pra contratar secretário se pode haver uma empresa que fornece secretários, com salários bem menores? Temos que debater mais com os nossos colegas sobre terceirização”.
Adriana Possan
ASCOM Sinditest