Lideranças sindicais, políticas, religiosas, estudantes e profissionais de todos os setores estiveram reunidos na Assembleia Legislativa do Paraná, na última sexta-feira (31), para discutir a Reforma da Previdência e os seus cruéis efeitos sobre a classe trabalhadora. Na fala dos participantes da Audiência Pública, convocada pelas centrais sindicais, o recado foi claro: só a mobilização popular será capaz de barrar este ataque.
Participaram do debate a senadora Gleisi Hoffman, o senador Roberto Requião, o ex-ministro da Previdência Carlos Gabas, o senador pelo Rio Grande do Sul Paulo Paim, os deputados Requião Filho e Tadeu Veneri e demais autoridades. O senador Álvaro Dias, que também era esperado, não compareceu à sessão. “A Previdência é pública e tem que continuar sendo pública. Ela não é só um direito social, é um direito humano”, disse Gabas.
Para Mariane Siqueira, coordenadora de administração e finanças do Sinditest e representante da CSP-Conlutas na mesa debatedora, a classe trabalhadora precisa dar uma resposta a este governo e a todos que seguem o seu modelo. “Estamos vivendo um ataque brutal, vindo de um governo ilegítimo, que não ganhou e nem disputou a eleição. Vindo de um governo que prefere nos dar as costas. Estamos vivendo aqui nessa mesa a unidade de todas as centrais sindicais, a unidade que vai construir a greve geral. Essa assembleia tem que ser como esta hoje: do povo, dos trabalhadores e trabalhadoras, daqueles que sustentam esse local”.
Políticos
No discurso dos políticos, prevaleceu o tom de repúdio à proposta governista. “O que Michel Temer apresenta agora como Reforma da Previdência é um grande equívoco na forma e no conteúdo. Na forma porque não debate com ninguém: a previdência social é uma política tão importante na vida dos trabalhadores e trabalhadoras deste país que ninguém tem o direito de propor uma vírgula de alteração sem debater com o povo brasileiro, sem ouvir os(as) aposentados(as), os(as) trabalhadores(as) e os(as) empregadores(as). Erra no conteúdo porque no ambiente de recessão que nós vivemos, de aumento do desemprego, de redução da massa salarial, não se deve propor nenhuma alteração nas regras”, afirmou o ex-ministro Carlos Gabas.
Já Gleisi Hoffman defendeu que não haja nenhum tipo de mediação com esta proposta. “A única emenda que cabe aqui é uma emenda supressiva. Nós estamos num momento crítico do Brasil, estamos numa recessão, a economia do país está no fundo do poço e querem mexer numa área que deu condições para fazer o combate e o enfrentamento à pobreza e à miséria. Se nós conseguimos fazer isso no Brasil muito se deve à universalização da aposentadoria e do salário mínimo. De cada R$ 10 que circulam na nossa economia, R$ 4 vem da Previdência Social. Ou seja, 40% da circulação de riqueza vem da Previdência Social. Mexer nisso é estar na contramão do desenvolvimento econômico.”
Mobilização
A reação popular contra a Reforma da Previdência já foi sentida no Congresso. “Eles estão perdidos, não sabem o que fazer. Não esperavam uma reação tão forte da sociedade como nós estamos demonstrando. Por isso a única alternativa é a mobilização, é ir para a rua e dizer não a essa reforma que destrói a nossa Previdência Social.”
“Nós faremos outras audiências nas Câmaras Municipais, nas universidades deste estado, mas o mais importante: nós ocuparemos as ruas!”, enfatizou Mariane Siqueira.
Uma nova Audiência Pública para discutir a Reforma da Previdência Social foi convocada para esta terça-feira (4).
Silvia Cunha,
Assessoria de Comunicação e Imprensa Sinditest-PR.