Assembleia geral discute combate à violência

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Como atividade do Dia Nacional de Paralisação contra a PEC 55 e o Dia Latinoamericano e Caribenho Contra a Violência Contra a Mulher, a assembleia geral de hoje, 25 de novembro, realizou um debate sobre combate à violência contra as mulheres em geral, as mulheres negras e a população LGBT.

A integrante da CSP Conlutas Karen Capelasso falou de como as batalhas da classe trabalhadora – contra o ajuste fiscal e por salários dignos – são as mesmas lutas das mulheres. A militante do Coletivo Alicerce e da Nova Organização Socialista (NOS) Bianca Zanetti abordou os ataques do governo, como as reformas trabalhista e previdenciária e o projeto de terceirização, que vão atingir principalmente as mulheres negras, que já são as trabalhadoras mais precarizadas e invisibilizadas. Por fim, o coordenador de Combate às Opressões do Sinditest, Anderson Spier Gomes, tratou da violência sofrida por lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais.

A discussão foi oportunizada por eventos de combate a opressões realizados neste mês em Curitiba: a Marcha do Orgulho Crespo, no dia 12, e a Parada da Diversidade LGBT, no dia 13. Ao início da assembleia, foi feita uma breve avaliação da sessão do COUN da UFPR do dia anterior, que aprovou moções de repúdio à PEC 55 e à MP 746 (reforma do Ensino Médio) e de apoio aos movimentos de resistência na Universidade.

Lutas de todos

Professora de História da rede estadual, Karen contou sobre a origem do Dia Latinoamericano e Caribenho Contra a Violência Contra a Mulher. “Em 1961, três irmãs dominicanas morreram enquanto lutavam contra uma ditadura.” Ela lembrou a recente mobilização ocorrida na Argentina após o estupro e o assassinato brutal de uma adolescente de 16 anos, quando milhares de mulheres fizeram greve e saíram às ruas no protesto “Ni una a menos” (Nem uma a menos).

No país vizinho, uma mulher morre vítima da violência machista a cada 23 horas. “Os números nacionais são ainda mais alarmantes. A estimativa é que uma mulher morra por causa do machismo no Brasil a cada uma hora e meia”, apontou Karen. Ela destacou ainda como as mulheres – maioria dos(as) usuários(as) e dos(as) trabalhadores(as) da saúde e da educação públicas – serão as mais prejudicadas com as medidas de ajuste fiscal do governo, como a PEC 55.

Os baixos salários – parte da exploração capitalista que atinge a toda a classe trabalhadora – também têm seu papel na manutenção dos ciclos de violência. Devido à dependência financeira, muitas mulheres não conseguem se emancipar de seus maridos violentos.

É preciso falar de racismo

Com suas triplas jornadas de trabalho – responsabilizadas por cuidar da casa e dos filhos, além do expediente formal – as mulheres negras serão ainda mais atacadas pela “flexibilização” das leis trabalhistas. “A maioria dos trabalhadores terceirizados é de mulheres negras. Enquanto se dizia que a última primavera feminista é de luta contra a pílula, as mulheres negras, periféricas, estavam lutando pelos seus salários, para não terem seus direitos parcelados”, destacou Bianca.

A militante lembrou também que são os filhos dessas mulheres que dependem de educação pública, e que serão prejudicados pela precarização das escolas.

A coordenadora de Combate às Opressões do Sinditest, Eliane Graciano, fez uma intervenção durante o debate, falando de sua perspectiva de trabalhadora negra do Hospital de Clínicas. “Sou auxiliar de enfermagem e fico incomodada por não ver médicas negras no hospital. Nunca me confundiram com uma residente de medicina, mas diversas vezes já me confundiram com uma profissional da limpeza. Não fico ofendida, porque o trabalho de higienização é digno como qualquer outro, mas gostaria que houvesse mais médicas negras”, afirmou.

Misoginia e LGBTfobia

O coordenador Anderson levantou o debate sobre como a violência atinge de forma diferente as mulheres da população LBT. Além de sofrer com o machismo como as mulheres heterossexuais, lésbicas e bissexuais ainda vivem ameaçadas por perigos como o estupro corretivo – crime brutal que visaria “consertar” um suposto desvio de conduta.

As travestis e transexuais, por sua vez, enfrentam dificuldades para entrar no mercado de trabalho. “Falamos sobre como as mulheres negras têm empregos precarizados, mas as mulheres da população T sequer chegam lá. Elas são rejeitadas em entrevistas de emprego e acabam tendo a prostituição como único meio de sustento”, apontou. Nas ruas, travestis e transexuais ainda são expostas a diversos tipos de violência.

Anderson mostrou ainda como a misoginia – desprezo pela mulher e pelo feminino – atinge e motiva agressões contra gays afeminados. “Nós gays ouvimos frases como ‘fala que nem homem’ ou ‘ser gay tudo bem, mas dar pinta já é demais’. Não tem problema nenhum ser afeminado, dar pinta ou ter trejeitos de mulher. Não é vergonhoso ser comparado com mulher. Se eu fosse mulher teria muito orgulho.”

Xenofobia

Na próxima terça-feira (29), será realizada uma roda de conversa sobre xenofobia e imigrantes haitianos, com a advogada Cibelle Santos de Oliveira. A convidada é Promotora Legal Popular, militante da Marcha Mundial das Mulheres e filiada e militante da Rede Mulheres Negras. Será às 9h30, na Tenda da Greve, no pátio da Reitoria da UFPR.

Luisa Nucada,
Assessoria de Comunicação e Imprensa do Sinditest-PR.

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