Atendimento médico insatisfatório, falta de suprimentos, leitos reduzidos, estrutura defasada, precarização das condições de trabalho. Estes são alguns dos problemas que o Hospital de Clínicas (HC) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) vem enfrentando e que estão colocando em risco a qualidade dos serviços essenciais de saúde e educação do hospital-escola.
Mas por que a população é prejudicada pelos problemas no atendimento e os estudantes têm sua formação comprometida, se no ano passado a promessa da Administração da UFPR era de que o HC teria mais recursos, funcionários e melhorias na estrutura?
O Hospital, que por mais de 50 anos foi referência em atendimento à população paranaense, agora sofre com os reflexos do corte de recursos do governo federal e com a gestão da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) – cuja adesão foi aprovada há pouco mais de um ano, contrariando a comunidade acadêmica.
Desde o começo do atual mandato do governo federal, a educação e a saúde públicas sofreram cortes drásticos de orçamentos com o bloqueio de gastos em 39 ministérios realizado para tentar equilibrar as contas. Só na pasta da Educação, já são mais de R$ 12 bilhões a menos, e as Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes) estão com o orçamento mensal reduzido a 1/18 avos.
Com essa redução, a realidade do HC é bem diferente das promessas que a Reitoria da UFPR fez para impor a adesão à Empresa.
De acordo com a Associação dos Professores da Universidade Federal do Paraná (APUFPR-SSind), a comunidade universitária já havia alertado a Administração de que a gestão feita pela Empresa de direito privado não seria a solução para os problemas do HC, mas sim a entrega da autonomia universitária, a extinção do Regime Jurídico Único (RJU) com as contratações feitas pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), o prejuízo às relações de ensino-aprendizagem e o agravo da precarização.
Com recursos limitados, o cenário do Hospital com a gestão da Ebserh só piorou. “Faltam insumos, a situação dos trabalhadores é cada vez mais complicada, diminuiu o número de atendimentos e leitos – isso não é responsabilidade da greve, é do governo federal. O ambiente interno se tornou o pior de todos os tempos”, afirmou o diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Terceiro Grau Público de Curitiba, Região Metropolitana e Litoral do Estado do Paraná (Sinditest-PR), Marcio Palmares.
Problema nacional
Infelizmente, não é só a população e os futuros médicos do Paraná que estão enfrentando esses problemas. Hospitais Universitários (HUs) de todo o país também passam por dificuldades semelhantes.
No Hospital São Paulo (HSP) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), por exemplo, faltam medicamentos, insumos e até procedimentos cirúrgicos foram cancelados pelos problemas. Mesmo após a greve dos médicos residentes, a situação continuou crítica.
Além dos cortes, a política de terceirização do governo fez com que quase todas as Ifes entregassem a gestão de seus hospitais-escola para a Ebserh.
Para a APUFPR-SSind, a única forma de reverter esse lamentável quadro para a saúde e a educação é a mobilização da comunidade e a pressão sobre o governo federal para que os cortes sejam revertidos e mais recursos sejam destinados para o Sistema Único de Saúde (SUS).
Fonte: APUFPR-SSind.