Os trabalhadores da Funpar/HC voltarão, a partir de amanhã, 1º, a adotar a folha-ponto como única forma de controle de jornada. A decisão foi tomada na sexta-feira, 28, em assembleia da categoria. Por meio de ofício, o Sinditest-PR comunicará a deliberação ao Hospital de Clínicas.
Há cerca de seis meses, alguns servidores do HC têm sido obrigados pela administração a, além de assinar a folha-ponto, exercer o controle de jornada através da inserção de crachás nas catracas e também do ponto eletrônico. Isso contraria o artigo sexto do decreto 1590/95, que determina a adoção de apenas uma forma de controle na administração federal. “Do contrário, você impõe uma obrigatoriedade e uma perda de tempo ao trabalhador que não é razoável. É um excesso de cobrança, de controle”, justifica Josimery Matos Paixão, advogada do Sinditest-PR.
Os servidores também criticam a seletividade no tratamento, já que apenas alguns são obrigados a registrar entrada e saída por meio do ponto eletrônico. A administração justifica dizendo que o procedimento ainda é “experimental”. “Vocês vão assinar apenas a folha-ponto, até que se implante outra forma, para todo mundo, ou até que haja um comunicado oficial da Funpar, o que ainda não aconteceu”, orientou Avanilson Araújo, também advogado do Sinditest-PR.
Na assembleia, a direção do sindicato também esclareceu os boatos que atualmente circulam pelo hospital, segundo os quais, com a aprovação do novo estatuto, o Sinditest-PR teria deixado de representar os trabalhadores da Funpar/HC. “A situação da Funpar no sindicato é a mesma que sempre foi. O estatuto está do mesmo jeito em relação à Funpar”, explicou Avanílson Araújo. “O Sinditest-PR é o representante dos fundacionais, porque celebra os acordos coletivos da categoria.”
Márcio Palmares, da diretoria do Sinditest-PR, criticou o “terrorismo psicológico” feito dentro do Hospital de Clínicas. “O sindicato não faz boato, não espalha fofoca. O sindicato fala na assembleia, que é onde os trabalhadores se reúnem. Vamos preservar essa cultura. Mas estamos cientes da ‘rádio-corredor’, do terrorismo psicológico”, criticou. “Só existe um meio de o Sinditest-PR deixar de representar os trabalhadores da Funpar/HC, que é vocês decidirem isso em assembleia.”
Carmen Luiza Moreira, também da diretoria do Sinditest-PR, classificou como “maldade pura” a boataria espalhada no HC. “Estão induzindo os trabalhadores da Funpar a irem no sindicato se desfiliar. Isso é uma maldade muito grande”, desabafou. “Eu não sou apenas diretora do sindicato. Sou representantes de uma categoria explorada e humilhada”, definiu Camen Luiza, que também é trabalhadora da Funpar/HC.
Carmen Luiza Moreira: boataria dentro do HC é “maldade pura”.
Coação
Vários relatos de coação e assédio moral por parte das chefias do HC surgiram durante as deliberações. De acordo com os servidores, elas tentavam pressioná-los a não comparecer a assembleia de sexta-feira, que aconteceu na sede do Sinditest-PR em Shangri-lá, litoral do Estado. A direção do HC negou-se a ceder uma sala dentro do hospital para que a reunião fosse realizada. “Muitos estão coagidos. Ameaçaram com demissão e cortes nos salários”, relatou uma servidora.
No entanto, a cláusula 62 do acordo coletivo de trabalho da categoria garante que as horas empregadas em assembleias ou atividades sindicais não podem ser descontadas ou compensadas.
Aposentadoria
Outro tema discutido na assembleia foi a estabilidade pré-aposentadoria, que garante que os trabalhadores não podem ser dispensados durante os três anos anteriores a retirarem-se do trabalho. Servidores e sindicato temem que a Funpar priorize as demissões dos trabalhadores que estejam às vésperas de entrar nesse período de garantia. Por isso, o Sinditest-PR quer que os fundacionais providenciem as certidões de tempo de contribuição junto ao INSS e as encaminhem ao sindicato, para que a partir daí possa ser pensada uma estratégia de enfrentamento.
No próximo dia 16, o sindicato vai realizar um seminário sobre as novas regras para a aposentadoria aprovadas pelo Congresso Nacional.
Sandoval Matheus,
Assessoria de Comunicação do Sinditest-PR.