Um ato unificado reuniu na manhã desta terça-feira, 21, cerca de 400 servidores públicos federais nas ruas de Curitiba. A manifestação aconteceu um dia após o Ministério do Planejamento reapresentar a proposta de reajuste salarial de 21,3% parcelado em quatro anos e se repetiu em diversas cidades do país e do Estado.
A oferta repisada pelo governo oferece aumentos no auxílio-alimentação, auxílio-saúde e auxílio-creche. Sobre o índice e o parcelamento, o Executivo aceita apenas reabrir a discussão em 2017, caso a inflação saia de controle, mas sem assumir um compromisso de fato. “Ofereceram um merrequinha no auxílio-creche, uma merrequinha no auxílio-saúde, que na verdade é mais dinheiro para a Unimed, mais dinheiro para a Amil, mais dinheiro para os tubarões da saúde privada”, definiu no ato de hoje Bernardo Pilotto, técnico administrativo do Hospital de Clínicas da UFPR.
Além da recomposição salarial, os servidores reivindicam o fim do ajuste fiscal do Governo Dilma Rousseff e a melhoria do serviço público.
A manifestação, que começou na Praça Santos Andrade e foi até a Boca Maldita, contou com sete sindicatos – além do Sinditest-PR – representantes de trabalhadores do Instituto Federal do Paraná, IBGE, INSS, ministérios da Saúde e do Trabalho, Receita Federal, Justiça do Trabalho e docentes da UFPR.
Os funcionários do INSS, por exemplo, estão há nove anos sem reajuste salarial. “Nós temos uma experiência e não queremos que ela se repita com vocês. Não se deixem enrolar pelo governo”, discursou Miguel Sandor Szollosi, do Sinjutra, que reúne os servidores da Justiça do Trabalho.
Dois oito sindicatos que compuseram o ato, quatro estão em greve, incluindo o Sinditest-PR. O último ato unificado das categorias havia acontecido em 2012.
Durante toda a passeata, os sindicalistas destacaram que a reivindicação das categorias não é por aumento real de salário, mas por uma recomposição de perdas inflacionárias acumuladas, em um índice de 27,38%. “Nos últimos 12 meses, o Itaú/Unibanco aumentou seus lucros em 27%. Não tem crise pra banqueiro, não tem crise pra multinacional, não tem crise pra empreiteiro e especulador”, pontuou Márcio Palmares, diretor do Sinditest-PR, rebatendo uma das principais alegações do governo para não conceder o reajuste, a crise econômica. “Mas em 12 anos de governo do PT, não foi concedido um só direito a mais para a classe trabalhadora. Ao contrário.”
Carla Cobalchini, também diretora do Sinditest-PR, tornou a criticar as escolhas do Executivo que, para ela, precisa rever suas “prioridades”. “Nós estamos aqui hoje para denunciar a ação do governo federal que, neste momento de crise, escolheu garantir o lucro de empresários e tirar recursos da educação, da saúde e de outros serviços públicos”, justificou. “Esta greve é para salvar o serviço público, e continuaremos em greve até a proposta ser decente.”
A próxima rodada de negociações entre o Ministério do Planejamento e o Fórum dos Servidores Públicos Federais está marcada para a semana que vem. Antes disso, na quinta-feira, 23, representantes do ministério se reúnem com a Fasubra, a federação nacional dos técnicos administrativos das universidades federais, para discutir a pauta específica da categoria.
Estudantes
A manifestação teve ainda a presença de discentes que compõe a Assembleia Nacional dos Estudantes Livres (Anel), que apoia a greve dos servidores técnico-administrativos. “Nós também estamos sofrendo com a falta de recursos, a falta de professores, a falta de bolsas, a precarização dos RUs”, afirmou Amanda Coelho. “Nós estamos do lado dos trabalhadores, não do lado da reitoria ou do Governo Dilma.”
Sandoval Matheus,
Assessoria de Comunicação do Sinditest-PR.