Lavanderia do HC: terceirização e assédio moral prejudicam os trabalhadores

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Roupas sujas, falta de peças nos setores, lavadoras que “viram sucata” da noite para o dia e assédio moral sobre os(as) trabalhadores(as). Esse é o retrato da Lavanderia do Hospital de Clínicas da UFPR. Desde a terceirização completa do serviço, com a contratação de uma empresa que leva a roupa suja para ser lavada em outro lugar, os problemas se acumulam e, quando os(as) trabalhadores(as) que ainda restam no setor cobram providências da administração, ainda são alvo de perseguição.

Contaminação e descaso

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Pijamas de pacientes, aventais de profissionais da saúde e roupas de cama e banho do Hospital de Clínicas (HC) da UFPR estão voltando sujas e manchadas da lavanderia terceirizada responsável pela higienização das peças. São resquícios de sangue, fezes, fios de cabelo, bolor, secreções ou cheiro forte de produtos de limpeza. A assessoria jurídica do Sinditest denunciou a situação ao Ministério Público Federal (MPF).

A contaminação da rouparia é só um dos problemas, denunciam trabalhadores(as) do Hospital. Há sumiço de peças, atraso nas entregas e entrega de roupas de outros hospitais, de pior qualidade. Como consequência, cirurgias são canceladas por falta de rouparia, pacientes ficam sem toalha, e os leitos, sem lençol. Certa vez, um enxoval inteiro foi manchado com água sanitária e precisou ser descartado, porque mudou de cor.

“A empresa terceirizada tem três horários diários de entrega das roupas, mas sempre tem atraso, e muitas vezes não são cumpridos todos os horários. Nesses momentos, os leitos ficam sem lençol. Além disso, nunca devolvem a quantidade de quilos de roupa que levaram. Tem enxovais novos que somem”, conta um trabalhador do HC.

Ele relata que a empresa coloca peças desnecessárias para completar o peso que deve entregar. Por exemplo, enche a remessa de cobertores para completar a pesagem devida, enquanto o Hospital está necessitando de toalhas, roupas de cama e pijamas.

Os(as) trabalhadores(as) do HC veem muitas irregularidades na prestação do serviço. “A roupa suja vai no mesmo caminhão que devolve a roupa limpa. O veículo não é higienizado, o que provoca contaminação”, apontam.

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Terceirização

Os problemas começaram, dizem os(as) funcionários(as), quando a lavanderia foi terceirizada, em março de 2016. “Antes, ela funcionava dentro do Hospital. Quando precisávamos de roupas em situações emergenciais, a lavanderia estava sempre à disposição e mandava as peças em poucos minutos. Agora simplesmente precisamos esperar os horários de entrega da empresa, e muitas vezes eles não são atendidos”, denunciam.

O setor foi terceirizado sob a justificativa de altos custos com manutenção do maquinário e mão de obra, e das condições de trabalho insalubres. Os(as) trabalhadores(as), no entanto, afirmam que o HC era isento de contas de água e luz, o que reduzia os gastos. Além disso, afirmam que o custo total da higienização da rouparia era de R$ 260 mil por mês. Atualmente, o Hospital paga R$ 350 mil mensais para a empresa contratada, que aparentemente funciona como um cartel, pois realiza a higienização da rouparia de muitos hospitais de Curitiba.

Os(as) funcionários(as) que atuavam no setor como operadores(as) de máquinas, entre servidores(as) da UFPR e trabalhadores(as) da FUNPAR, foram desviados(as) de função, se aposentaram ou faleceram.

Patrimônio

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Até março de 2016, data da terceirização da lavanderia, 4 mil quilos de rouparia eram lavados no Hospital, com maquinário comprado com dinheiro público. Essas máquinas – três lavadoras, seis secadoras, uma extratora, quatro centrífugas e carrinhos de transporte – virarão sucata por determinação da direção do HC.

A retirada do maquinário começou no dia 12 de junho. A servidora responsável pelas máquinas não foi consultada sobre o estado em que se encontram. Elas foram compradas há cerca de seis, sete anos, de acordo com os(as) funcionários(as), mas têm vida útil de 20 anos, e estão em perfeito funcionamento. Uma delas, a extratora, foi avaliada em aproximadamente R$ 800 mil. Porém, o valor declarado nos termos de alienação do equipamento, são imensamente menores do que o valo real.

Assédio Moral

Não bastasse o esforço diário dos(as) trabalhadores(as) lotados(as) na lavanderia para resolver os problemas impostos pela terceirização, desde junho deste ano, eles(as) vêm enfrentando o assédio moral por parte da Administração.

Na última sexta-feira, dia 18 de agosto, os(as) trabalhadores(as) “ficaram sabendo” que estão à disposição há quase um mês, ou seja, durante todo esse tempo ficaram aguardando uma resposta sobre a sua situação.

As inúmeras queixas e reclamações realizadas pelos(as) funcionários(as) sobre o descumprimento do contrato por parte da empresa terceirizada foram ignoradas pela administração. Em nenhum momento a Direção do Hospital procurou os(as) trabalhadores(as) para conversar.

Denúncia

O Sinditest realizou denúncia junto ao Ministério Público, além de notificar a direção do Hospital e a própria Reitoria para que realizasse uma reunião com todos(as) os(as) envolvidos(as). O pedido do Sinditest nunca foi atendido.

A única medida adotada foi a punição dos(as) trabalhadores(as) através de sua movimentação do setor.

Confira imagens de roupas sujas e manchadas que chegam da lavanderia terceirizada ao HC:

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