servidores levaram a moção até a reitoria da UTFPR. Depois,um grupo posou para foto em frente à estátua de Nilo de Peçanha.
Depois de quatro anos, a UTFPR voltou a abrigar nesta terça-feira, 23, uma assembleia-geral de greve dos técnicos administrativos do ensino superior paranaense. O receio de que as deliberações fossem esvaziadas, já que nesse espaço de tempo as assembleias aconteceram tradicionalmente no Restaurante Universitário Central da UFPR, não se confirmou: mais de 200 servidores técnico-administrativos compareceram à reunião.
A última vez que uma assembleia de greve havia ocorrido na UTFPR foi em 2011.
“O que nós estamos fazendo aqui é histórico”, afirmou o coordenador da seção sindical da UTFPR, Carlos Pegurski. “Estamos acabando com falsas fronteiras, com falsas polêmicas: a polêmica de que o trabalhador da UTFPR não tem espaço no Sinditest. Isso não existe. O que existe é a luta.”
Entre os presentes, havia servidores de dez campi do interior do Paraná. Cornélio Procópio e Guarapuava foram as cidades que mais enviaram representantes: 11 e nove, respectivamente.
“Acabou a divisão que existia entre greve na UFPR, greve na UTFPR, greve na Unila”, garantiu Pegurski. “A greve é uma só, a greve dos técnicos administrativos.”
Na assembleia, os servidores aprovaram uma moção de repúdio à substituição de grevistas promovida na sexta-feira passada pela reitoria da UTFPR, a fim de garantir as matrículas no Sistema de Seleção Unificado (Sisu). Nos 13 campi da universidade, as matrículas estão sendo feitas por docentes ou técnicos temporariamente realocados. A moção foi entregue na secretaria da universidade, com o compromisso de ser repassada ao reitor.
O texto diz que a substituição de um grevista por outro técnico administrativo ou docente que realize suas funções é um erro não apenas legal, mas também ético. Com essa atitude, o texto prossegue, a reitoria da UTFPR conseguiu não só frustrar o direito de greve dos servidores técnicos, mas também fazer os docentes incorrerem em desvio de função. “No aspecto ético, a relação entre as categorias fica comprometida, da mesma forma que geraria desconforto se um servidor técnico-administrativo, com formação equivalente a de um docente em greve, lecionasse em seu lugar”, diz a moção.
O texto termina comunicando que, se as substituições continuarem, uma denúncia será protocolada no Ministério Público.
Carlos Pegurski: “Estamos acabando com falsas fronteiras, com falsas polêmicas”.
Assédio moral
Com 20 anos de universidade, uma servidora do Hospital Veterinário do campus Palotina da UFPR foi pela primeira vez impedida de entrar em seu local de trabalho em 2015. “Antes, dificilmente eu entrava em greve. Como dou expediente em um laboratório, ia lá e fazia o trabalho. Este ano, parei”, conta ela, que esteve presente na assembleia desta terça. Por conta disso, a chefia trocou o cadeado do laboratório de doenças infecciosas. “Em 20 anos, sempre tive a chave. Pelo hábito, deixo lá coisas pessoais, documentos, relatórios.”
Depois de um processo de negociação, a servidora ganhou novamente o direito de acessar o local, embora ainda precise, toda vez, deixar a chave na secretaria da instituição.
Sandoval Matheus
Assessoria de Comunicação do Sinditest