Coletivo Travessia-PR renuncia à direção do Sinditest-PR e defende antecipação de eleições

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MANIFESTO DE RUPTURA E RENÚNCIA

DO COLETIVO TRAVESSIA-PR À DIREÇÃO DO SINDITEST-PR

É preciso antecipar as eleições e botar para fora os burocratas

Na última eleição do Sinditest-PR, realizada no primeiro semestre de 2023, fizemos o esforço de construção de uma unidade entre os diferentes coletivos que atuam em nossa base, visando fortalecer a organização política-sindical da categoria e dar maior estabilidade à condução da Entidade, infelizmente, essa tentativa fracassou e não deu certo.

À época, no intuito de tentar superar a divisão na base, os grupos que se organizam nos Coletivos Unir e Frente Base foram procurados para a construção de uma chapa que expressasse o peso representativo de todos os coletivos, na ocasião o diálogo avançou apenas com o primeiro. Esse esforço se deu após uma experiência difícil de derrotas com o governo Bolsonaro, num contexto de fortalecimento da extrema direita, de derrotas e retrocessos para os trabalhadores, de divisões e disputas políticas deletérias na base do Sinditest-PR, e de um golpe nas eleições sindicais (2018) que resultaram na demissão em massa de mais de 700 trabalhadores da FUNPAR/HC. A combinação desses fatores enfraqueceu o Sindicato.

Abaixo os motivos que fundamentam tal ruptura e a renúncia da maioria dos membros da Diretoria Colegiada e do Conselho Fiscal: veja aqui o documento original Manifesto_Ruptura_e_Denuncia_TravessiaPR_Sinditest-PR_assinado

  1. A tentativa de unidade entre os coletivos que compõem a atual direção tinha o objetivo de diminuir as divisões na base, fortalecer a entidade e avançar na construção da greve pela reestruturação da carreira e melhoria dos salários. Contudo, logo no início da gestão, percebemos que teríamos muitas dificuldades, o grupo liderado pelos burocratas, demonstrou truculência e autoritarismo desde o início, mostrou não ter compromisso com as propostas que apresentamos na eleição sindical, tampouco com a organização da luta pela reestruturação da carreira, além do completo atraso nas pautas de combate às opressões. As dificuldades na direção se agravaram muito com o movimento paredista, após a deflagração da greve, tivemos na diretoria do Sindicato, alguns dirigentes vinculados ao Coletivo Unir, com concepção autoritária e presidencialista, que atuaram o tempo todo para desmobilizar e boicotar a luta. Isso ficou evidente nas Assembleias e no Comando Estadual de Greve.
  2. Esses dirigentes burocratas e autoritários, vinculados ao Coletivo Unir, eram contra estabelecer um Comando Estadual de Greve (CEG), contra incentivar a organização dos Comandos Locais de Greve (CLGs), contra a aprovação de um Fundo de Greve para garantir a manutenção das atividades de luta, contra delegar responsabilidades aos grevistas da base, contra enviar todos os delegados(as) ao Comando Nacional Greve (CNG) e contra organizar democraticamente o movimento a partir do CEG e CLGs. Diante de todas essas divergências vitais para a construção da greve, o Coletivo Travessia-PR optou por atuar como maioria da diretoria, com a postura de respeitar e fortalecer as decisões no CEG.
  3. Durante a greve, esses mesmos dirigentes autoritários, protagonizaram episódios recorrentes de assédio, machismo e misoginia. A situação mais evidente foi a conduta de violência machista contra as mulheres que estavam na ocupação da reitoria, esse fato ocorreu no primeiro mês de greve e foi levado ao CEG e à Assembleia Geral, que deliberou por sancionar esses burocratas. Com o fim da greve, a postura assediadora e truculenta se intensificou no Sindicato, tal qual as piores práticas de assédio que ocorrem na iniciativa privada. Não há diálogo com esses senhores autoritários, eles ignoram qualquer tentativa de conversas e iniciativas para combater a opressão, ao contrário, usam desta violência machista como prática política na relação com as mulheres da direção e funcionárias do Sindicato. O Coletivo Travessia-PR repudia essas condutas, dirigentes que reproduzem a opressão e o assédio, não podem defender a categoria da opressão.
  4. Não há respeito ao Estatuto do Sindicato. Não querem assegurar e não reconhecem a legitimidade das Assembleias Gerais híbridas, não querem garantir a participação da categoria que está nos campi do interior do estado. Os dirigentes burocratas não respeitam as decisões por maioria da direção, se negam a fazer reuniões e exercem a condução política e administrativa de maneira autoritária, sem legitimidade alguma. Essa situação implica enormes prejuízos à categoria, visto que já ocorreram convocações de Assembleias ilegais (presenciais em Curitiba), em paralelo as Assembleias Gerais Extraordinárias (hibridas para todo o estado) convocadas pela maioria da direção, conforme determina o Estatuto. Por esse motivo, nas duas últimas plenárias da FASUBRA, ficamos sem ter delegados(as) credenciados(as). Os burocratas não querem Assembleias Gerais híbridas porque não querem a participação e controle de toda a base do estado, sobre as deliberações e condução do Sindicato.
  5. A greve acabou, porém, a luta pelo cumprimento do Termo de Acordo continua. É fundamental que, os sindicatos e a FASUBRA, sigam organizados, fortes e mobilizados para a luta. Para levar adiante essa tarefa, o Sinditest precisa eleger uma nova direção, somente a democracia de base, por meio de uma eleição antecipada, poderá resolver legitimamente a atual crise. Na última Assembleia Geral Extraordinária, houve o entendimento de que é necessário antecipar as eleições do Sindicato, nesse sentido foi deliberado pela organização de um abaixo assinado, contendo 5% de assinaturas das(os) filiadas(os), para convocar Assembleia Geral específica com a pauta de: antecipação das eleições para Diretoria Colegiada e Conselho Fiscal e eleição da comissão eleitoral.
  6. Por fim, percebemos que há interesses, no mínimo, estranhos, por parte de alguns desses burocratas no Sindicato. Porque romperam o contrato com a assessoria jurídica sem justificativa, sem pautar e deliberarem Diretoria Colegiada e Assembleia Geral? O que querem com o Jurídico? Porque tem Coordenador Geral que prometeu sair do cargo comissionado de chefia da EBSERH após a eleição sindical e não saiu? Essas perguntas precisam ser respondidas. É inadmissível ser dirigente sindical e chefe com cargo de direção da EBSERH/CHC ao mesmo tempo, é incompatível, não dá para ser “patrão” e diretor sindical ao mesmo tempo.

Por esses motivos, é insustentável a manutenção da atual diretoria do Sinditest-PR. Por não concordar com essa prática autoritária, burocrática, opressora, irresponsável e de jogo duplo com a direção do CHC/EBSERH, condutas que enfraquecem a luta da categoria, publicamos este manifesto de ruptura política e renúncia da maioria dos membros da Diretoria Colegiada e do Conselho Fiscal. Com a renúncia, de mais da metade da direção, o grupo minoritário não tem quórum estatutário e nenhuma legitimidade para manter-se no Sindicato.

Sendo assim, é necessário e legítimo, a realização de eleições antecipadas do Sinditest-PR, para que a categoria, por meio do voto dos seus filiados, eleja uma nova direção. Manteremos nosso coletivo organizado e atuante pela base, na defesa das nossas pautas, como oposição ao atual grupo burocrático e autoritário que, por enquanto, aparelha a estrutura do sindicato.

P.S. Com a renúncia do Coletivo Travessia, menos de 45% da Gestão fica à frente do Sindicato um grave descumprimento do artigo 24 do Estatuto que prevê o número de dirigentes. Assim, as deliberações de interesse da categoria em geral e para aqueles que elegeram a chapa são prejudicadas por falta de quórum qualificado.

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